Os editores das agências Reuters e Associated Press estão preocupados com vulnerabilidade das redações mais pequenas perante os riscos de desinformação provocados pela inteligência artificial.
Numa conversa sobre literacia mediática, no palco central da Web Summit, Yasir Khan, da agência Reuters, e Julie Pace, da Associated Press, reconheceram ambos que as redações enfrentam desafios para conseguir distinguir, por exemplo, imagens e vídeos verdadeiros de imagens e vídeos gerados por inteligência artificial. No entanto, Yasir Khan considera que, nos órgãos de comunicação social maiores, há mais ferramentas para fazer essa distinção.
Julie Pace, da Associated Press, relata que nesta agência há cerca de dez anos que já utilizam ferramentas de inteligência artificial, embora não “daquelas que toda a gente fala atualmente, geradora de conteúdos”.
“Temos usado ferramentas que permite libertar jornalistas para fazer trabalho que requer ação humana”, especifica, acrescentando que, até agora, a experiência de trabalho com inteligência artificial “tem sido positiva” e não tem resultado na “dispensa de postos de trabalho”.
No entanto, Julie Pace reconhece que “a tecnologia está muito mais avançada” e que é necessário ter “conversas internas sobre como é que criamos literacia dentro da nossa organização”.
“Temos que saber o que é a tecnologia é capaz de fazer, como identificar o que a tecnologia está a criar. Não podemos informar as audiências sobre o que é real e o que não real se também não o soubermos”, descreve.
Do lado de quem lê, ouve e vê as notícias, Yasir Khan considera que se educa “pouco as pessoas para serem bons consumidores de notícias” e argumenta que esta devia ser uma responsabilidade dos responsáveis políticos.
“Eu trataria a literacia mediática, especialmente sobre inteligência artificial a desinformação, como uma questão de educação pública e de saúde pública. Devia ser uma responsabilidade dos governos e dos decisores políticos pensar sobre o que estamos a ensinar às crianças nas escolas secundárias e nas escolas primárias para que se tornem consumidores de notícias experientes”, defende.