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Pela primeira vez, este ano, e para grande alegria do Santuário de Fátima, a Peregrinação Internacional Aniversária de 12 e 13 de julho, conta com oito grupos estrangeiros: dois de Itália, dois de Espanha, dois da Polónia, um de França e um outro da Venezuela. É um passo importante para o regresso a uma certa normalidade que, porém, todos sabem, não voltará a ser como antes.
Este ano, preside às celebrações D. José Leonardo Lemos Montanet, bispo de Ourense, que pertence à arquidiocese de Santiago de Compostela. A peregrinação começa esta segunda-feira, dia 12, às 21h30, com o Rosário, celebrado na Capelinha das Aparições, seguido de uma celebração da Palavra no Altar do recinto de Oração. No dia 13, o Terço será rezado às 9h00, seguindo-se a missa às 10h00. Durante a celebração vai ser proferida a Palavra ao Doente, terminando a peregrinação com a Procissão do Adeus.
Sempre com a pandemia bem presente, mantêm-se todas as medidas de segurança para esta peregrinação de julho, como confirma em entrevista à Renascença, o padre Francisco Pereira, capelão do Santuário de Fátima.
Nesta Peregrinação Internacional Aniversária de 12 e 13 de julho, o Santuário de Fátima mantém todas as regras de segurança?
Sim, desde o inicio da pandemia que mantemos as mesmas regras, como o distanciamento social, a higienização das mãos, circuitos independentes para entradas e saídas, os círculos no chão para ajudar as pessoas a colocarem-se mantendo esse mesmo distanciamento. Este processo já vem desde junho do ano passado e mesmo nos domingos, nas missas, mantemos este dispositivo de segurança, pois queremos que as pessoas possam vir a Fátima, celebrar a sua fé, encontrar-se com Nossa Senhora, mas mantendo sempre esta segurança, de cuidado uns com os outros, de solidariedade para que possamos vencer, junto, esta pandemia que nos assola agora.
E são regras que as pessoas acatam sem questionar, percebendo a sua importância?
Sim. É interessante reparamos que, aqui em Fátima, as pessoas acatam bem estas restrições, muitas vezes até sem necessidade de indicação por parte dos nossos voluntários, e as próprias pessoas vão-se colocando nos círculos que estão no chão, mantendo a distancia de segurança. O mesmo acontece na fila das velas, onde esperam pacientemente a sua vez. Algumas vezes também há dificuldades, pois as pessoas não estão habituadas, mas a maioria dos peregrinos respeita, o que nos ajuda também a nós. Queremos que eles venham, mas que venham com cuidado.
Esta peregrinação, segundo sei, tem como novidade a presença de grupos estrangeiros, o que não aconteceu ainda este ano, nas peregrinações de maio e junho. Já sentiam falta destes peregrinos?
É verdade, já sentíamos falta. Nestas ultimas semanas já tivemos alguns grupos, sobretudo de Espanha e da Polónia. E são destes países que temos quatro grupos, dois de cada, mais dois de Itália, um de França e, ainda, um da Venezuela, que é um país sul-americano, o que nos dá uma grande alegria. Com os confinamentos, com o fecho de fronteiras, com todas estas restrições, estes grupos deixaram de vir como acontecia em circunstâncias normais. Agora já começam a vir, o que nos alegra muito, pois podemos acolher peregrinos de todas as partes do mundo, uma vez que a Mensagem de Fátima se destina a todos os homens e mulheres do mundo inteiro.
Esta Peregrinação Internacional, que recorda a terceira aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, dá continuidade ao tema “Louvai o Senhor, que levanta os fracos”?
Sim, é a continuidade do tema deste ano, na preparação para as Jornadas Mundiais da Juventude, mas tendo em conta aquilo que é especifico do Santuário, que é este cuidado de Deus, esta esperança que Nossa Senhora nos veio trazer. Claro que esta aparição de julho tem muita importância, pois é a aparição da consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, é a aparição do segredo, em que Nossa Senhora revela aos pastorinhos quer o inferno, quer a própria Igreja que caminha com Cristo para a redenção da humanidade; o bispo vestido de branco que atravessa a cidade em ruínas, rezando pelos que partiram, pelos que morreram, pelas vitimas de todas as guerras, portanto, esta Igreja mártir. Uma Igreja que continua a seguir Cristo até dar a vida pela salvação dos homens. Foi também o exemplo que os pastorinhos nos deram, pelos seus sacrifícios e orações. E, é um exemplo que nós, como cristãos, nestes tempos de hoje, com esta pandemia, somos convidados a dar testemunho da fé na vida. Temos que ajudar as pessoas a perceber que não podemos limitar-nos a estas fronteiras temporais da existência humana material, mas que Deus nos convida à comunhão com Ele. Fátima é esta presença de Deus em Nossa Senhora que vem do céu à terra, para nos conduzir até Cristo e para que Cristo seja a nossa salvação.
Esta peregrinação vai ser presidida por D. José Leonardo Lemos Montanet, bispo de Ourense, que pertence à arquidiocese de Santiago de Compostela. Estamos a falar de uma região que também está ligada às Aparições de Fátima?
Sim, a Galiza tem uma ligação à mensagem de Fátima, porque Tui e Pontevedra foram locais onde a Irmã Lúcia fez o seu noviciado, a sua preparação para a vida religiosa. Aí, também teve a revelação de Nossa Senhora e do Menino Jesus que pediram, concretamente, a devoção dos primeiros sábados. Isto acontece em Tui e Pontevedra, mas sobretudo em Pontevedra, em 1925, onde é pedida a reparação do Coração Imaculado de Maria, ferido pelos pecados dos homens e, sobretudo, esta mensagem do Menino que diz à Lúcia, “Vê a tua Mãe com o coração ferido, ao menos, tu, procura Consolá-la”. É uma mensagem muito importante para nós, pois Nossa Senhora espera o nosso consolo, uma vez que sofre com as nossas faltas, com o nosso afastamento de Deus e quer criar as condições para nos aproximarmos Dele. A comunhão reparadora dos primeiros sábados, este ato de oração dos Mistérios do Rosário e de confissão, é um percurso que nos ajuda a fazermos este caminho de encontro com Deus. A presença do bispo de Ourense, com esta ligação a Fátima, faz-nos perceber que este Lugar se estende muito para lá do que é apenas o fenómeno das aparições. É algo que transcende as fronteiras e o próprio tempo. Mostra-nos que a Igreja é verdadeiramente universal.
Para terminar, esta pandemia tem sido, certamente, uma aprendizagem. Que desafios para o Santuário de Fátima?
Olhe, o maior desafio foi continuarmos a manter esta missão, sobretudo nos períodos de confinamento, sem termos aqui os peregrinos. No entanto, continuámos a celebrar a missa, quer pelos meios de comunicação social, quer pelos nossos próprios meios e até fizemos retiros online, o que aconteceu pela primeira vez. Quero destacar que conseguimos sempre ter padres disponíveis para a confissão, mesmo durante o confinamento. Isso foi muito importante para as pessoas, pois sabiam que havia sempre alguém que as escutava e lhes dava a absolvição, sinal do perdão de Deus. Esta nossa presença constante, tranquilizou as pessoas e foi uma forma de lhes darmos esperança. Fátima continuou ativa, mesmo sem peregrinos. A experiência foi esta, foi perceber que o Evangelho continua a ser anunciado e não há barreiras que possam quebrar este anúncio. Precisamos é de estar atentos e aproveitar as potencialidades que o mundo nos dá, para continuarmos a levar o Evangelho a quem quiser e precisar de o ouvir. Não ficámos apenas à espera que fossem os peregrinos a vir ter connosco, mas fomos nós ao seu encontro. Nunca nos fechámos no medo, no receio. Tivemos sempre muito cuidado e conseguimos manter este contacto com as pessoas, as mesmas que agora reconhecem e agradecem esta presença do Santuário nas suas vidas durante o confinamento.