O documento final do projeto de acordo da COP26 é aceite por todos, menos pelos países mais poluentes, sabe a Renascença.
Está em curso uma última pausa para acertar divergências nos documentos a aprovar. Os países em desenvolvimento não conseguiram indemnizações dos mais ricos, mas os mais poluentes não desistem até ao último minuto de excluir parágrafos que condenam o carvão ao seu declínio.
A presidência da Cimeira assume que os textos representam um "equilíbrio delicado" de posições mas a maioria das intervenções no plenário mostrou-se favorável à sua adopção, mesmo com desapontamento de muitas delegações em vários pontos do processo.
A julgar pelas intervenções dos vários países, tudo indica que os documentos finais vão ser aprovados a seguir a esta pausa numa sessão final. União Europeia, China e Estados Unidos dão luz verde aos textos finais que vão ficar desta cimeira
A única dúvida prende-se com o bloqueio que está a ser promovido pelos países mais poluentes. Índia, Irão, Nigéria e África do Sul não querem uma referência explícita ao abandono dos combustíveis fósseis e ao carvão.
Num dos pontos das conclusões finais está incluído um apelo ao desenvolvimento de tecnologias e energias limpas, incluindo os esforços para diminuir o carvão que é usado na produção de energia e não é sujeito a medidas para redução das emissões. Estes países não gostam também dos apelos ao fim da subsidiação de combustiveis fósseis alinhados com estratégias energéticas ineficientes.
Países mais pobres "extremamente desapontados"
Os países menos desenvolvidos não conseguiram ver aprovado o mecanismo para as compensações por perdas e danos causados pelas alterações climáticas.
Nas intervenções finais o desânimo foi evidente, mas ainda assim os países mais pobres vão aprovar o documento em nome da necessidade de um compromisso alargado no combate às alterações climáticas.
Este é um ponto central da crítica das organizações não-governamentais que hoje mesmo alegaram que Estados Unidos, União Europeia e Austrália bloquearam esse mecanismo para canalizar mais dinheiro para compensar os países pelos fenómenos climáticos extremos a que estão mais sujeitos.
De Glasgow sai, no entanto, um apelo à duplicação de verbas em 4 anos para os países pobres lidarem com as alterações climáticas. São verbas para a chamada “adaptação” e devem multiplicar por dois as provisões financeiras de 2019 até 2025.
NA COP26 os países membros das Nações Unidas decidem ainda avançar para uma revisão dos cortes de emissões já no final de 2022, quando estava prevista para 2025, nos termos do Acordo de Paris.
Foi ainda publicado uma proposta técnica de regulamentação do artigo 6 do Acordo de Paris para a criação dos mercados de carbono.