O ministro da Administração Interna e o presidente da Câmara de Lisboa rejeitam falhas de segurança, depois de o artista Bordalo II ter invadido o altar-palco da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e instalado uma passadeira com desenhos de notas de 500 euros, em protesto contra o gasto de dinheiros públicos com o evento.
“Não se trata de nenhuma falha de segurança”, disse José Luís Carneiro aos jornalistas, esta sexta-feira, à margem de uma visita à GNR de Fátima.
De acordo com o ministro da Administração Interna, “a Câmara Municipal de Lisboa é quem tem a responsabilidade e a guarda daquele local, a segurança privada é que garante o apoio aos trabalhos em curso”.
O governante considera que “é preciso deixar realizar as obras que estão a decorrer”. “Se for lá agora, verá dezenas ou centenas de cidadãos a circular junto ao Tejo até que as medidas de segurança sejam impostas”, assegura.
O presidente da Câmara de Lisboa também desvalorizou a questão. "Não estamos aqui a falar de um problema de segurança". Foi com esta frase que Carlos Moedas atalhou as perguntas dos jornalistas sobre a instalação de Bordalo II no altar-palco do Parque Tejo, precisamente um dos locais que irá acolher o Papa na próxima semana, durante a jornada Mundial da Juventude (JMJ).
O artista estendeu um tapete de notas ao longo da escadaria do altar-palco à revelia da organização da JMJ, mas o presidente da Câmara de Lisboa salienta que "a segurança mais importante aqui é a segurança das pessoas e a de Sua Santidade o Papa", garantindo que, "é disso" que a câmara está a tratar.
Moedas quer uma cidade "aberta", de maneira a que "alguém que queira ir ver o palco vai ver o palco", defendendo que em relação à instalação de Bordalo II "não aconteceu nada de mal".
O autarca defende mesmo o artista, com quem a autarquia já trabalhou várias vezes. "É um artista que todos nós conhecemos, que tem feito muitos trabalhos para a câmara e que ali mostrou a sua voz", reforçando que o que houve ali "não é um problema de segurança é um artista que se quis exprimir".
Agora, o que vai acontecer na próxima semana em que Francisco irá estar naquele mesmo altar-palco em plena JMJ? Moedas garante que "quando lá estiver o Papa, a segurança vai estar no máximo, porque está ali uma entidade, naquele momento é um palco".
Moedas revela-se "muito contente que haja interesse" e que as pessoas "vão lá" visitar o palco, mas pede que nos dias da JMJ e sobretudo com a presença do Papa, "tenham alguma atenção, porque vamos ter ali segurança".
Há essa segurança, mas o autarca coloca o copo meio cheio. "Não é para estarmos a impedir que as pessoas vão ver o palco e ponham um tapete com notas, façam o que entenderem, espero que não o façam, é isso que peço".
Numa última visita ao centro de coordenação que a Câmara de Lisboa montou no pavilhão Carlos Lopes, edifício mesmo ao lado do altar-palco, Moedas respondeu ainda aos jornalistas sobre a notícia do jornal Expresso desta semana que dá conta do acelerar de ajustes diretos à boleia da JMJ.
O autarca garante que a Câmara de Lisboa deu o "exemplo", sempre que pôde fez concursos, "mas o tempo exigiu nalguns casos fazer consultas a várias empresas para depois adjudicar".
Moedas garante que se assim não fosse "não estávamos aqui", pedindo ainda "algum realismo na vida pública", tendo em conta que havia uma operação "desta dimensão para preparar, importantíssima para o país".
A dias do arranque da JMJ, Moedas garante: "Aqui estamos com tudo feito" e "dentro dos tempos que tínhamos". Fica ainda a garantia que foram feitas "consultas a várias empresas", para além de "vários contactos com o Tribunal de Contas para que tudo seja visto ao milímetro", garantindo que "a transparência será total".
Em relação ao centro de coordenação instalado pela Câmara de Lisboa no Pavilhão Carlos Lopes, no alto do parque Eduardo VII, Moedas diz que estará "24 horas disponível" com todos os serviços municipais presentes "para resolver todos os problemas da cidade" que surjam durante a JMJ.
O Sistema de Segurança Interna também emitiu um comunicado esta sexta-feira sobre o caso da invasão do altar-palco, onde explica que “o plano setorial de segurança do Parque Tejo só será colocado em vigor, a partir do momento em que a obra esteja concluída”.
“Antes dos eventos e logo após implementação do plano setorial de segurança, será efetuada uma vistoria aos recintos por parte da PSP, e que os mesmos só serão abertos após confirmação de que reúnem as necessárias condições de segurança”, sublinha o Sistema de Segurança Interna.