O presidente executivo da EDP, António Mexia, rejeita as críticas dos sindicatos de que a administração beneficia a remuneração dos accionistas face à dos trabalhadores, destacando a importância de ter sido alcançado um acordo sobre o aumento salarial.
"É sintomático chegarmos mais uma vez a acordo. Não se pode comparar aumentos salariais com dividendos. Aliás, nos últimos quatro anos o dividendo distribuído manteve-se inalterado e os salários subiram sempre", afirmou aos jornalistas António Mexia após a reunião magna anual da EDP, em Lisboa.
Isto, no dia em que a EDP e a Fiequimetal chegaram a acordo para uma actualização salarial de 1,3% para este ano, conforme avançou à Lusa Joaquim Gervásio, porta-voz da federação intersindical, que criticou um acordo "arrancado a ferros", uma vez que a EDP oferecia um aumento de 0,7% e os sindicatos apontavam para os 4%.
Joaquim Gervásio vincou que a EDP vai aumentar em 3% os dividendos a distribuir aos accionistas e em apenas 1,3% os salários dos trabalhadores, considerando que a empresa, que lucrou 961 milhões de euros em 2016, podia dar "maior qualidade de vida" aos seis mil trabalhadores com que conta em Portugal.
"Se se comparar os aumentos salariais com a inflação, vê-se que as pessoas estão a ganhar mais. Também há programas de incentivos para as pessoas, pelo que há aumentos reais para os colaboradores da EDP", salientou António Mexia.
Já Eduardo Catroga, 'chairman' (presidente não executivo) da EDP, destacou que o objectivo da empresa é "reter e atrair talento" através da sua política salarial, e "reter e atrair os melhores accionistas" através da sua política de dividendos.