Os serviços de informações dos EUA apuraram que a Federação Russa ofereceu dinheiro aos talibãs para matarem forças da coligação internacional que combate no Afeganistão, noticiou na sexta-feira o The New York Times (NYT).
Portugal tem 154 militares destacados para garantir a segurança do aeroporto de Cabul, número que pode subir no conjunto do país até 187 este ano, consoante as missões atribuídas.
Segundo o diário nova-iorquino, a os serviços de informação dos EUA chegaram àquela conclusão há alguns meses e informaram a Casa Branca, que até agora não teve qualquer reação.
Com base em pessoas conhecedoras do assunto, o jornal adianta que é provável que alguns militantes ou elementos criminosos a eles ligados tenham chegado a receber pagamentos russos.
No total, em 2020, foram mortos 20 norte-americanos em combate no Afeganistão, mas não está claro se há alguma relação com a situação descrita.
O Governo russo garantiu, entretanto, ao NYT que desconhece qualquer acusação deste género, mas que responderá se vier a ser feita.
As fontes consultadas pelo NYT assinalaram que a informação que os EUA possuem sobre estas alegadas recompensas oferecidas pelos russos era um segredo muito bem guardado até há pouco, mas esta semana foi comunicado a mais membros do Governo norte-americano e partilhado com o Governo britânico, cujas forças estão entre as que também estavam designadas como objetivo.
O documento norte-americano baseia-se em interrogatórios a combatentes afegãos e criminosos capturados e não avança muitos detalhes sobre o funcionamento das alegadas recompensas russas.
Os norte-americanos consideram que a operação é da autoria de uma unidade dos serviços de informações militares russos, que já foi associada, por exemplo, ao caso do ex-espião russo Serguei Skripal, envenenado no Reino Unido.
Esta unidade, que opera há mais de uma década, tem a função de realizar campanhas de desestabilização dos países ocidentais, segundo analistas destes Estados.
Os EUA e a Federação Russa mantêm posições de confronto em vários assuntos, que chegaram a choques frontais, como na Síria, mas o Presidente norte-americano, Donald Trump, tem tido uma política mais amiga de Moscovo do que os seus antecessores.
Os EUA e os talibãs assinaram em fevereiro um acordo de paz que prevê a retirada dos militares da coligação liderada pelos norte-americanos em 14 meses, depois de quase duas décadas de guerra, mas ainda está pendente de negociações entre os talibãs e o Governo de Cabul.