"Fica muito claro uma menor vontade de prestar os esclarecimentos devidos". É com esta frase que a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, nota a ausência do ministro das Finanças do debate de urgência no Parlamento marcado pelos socialistas para esta quarta-feira sobre a polémica em torno da redução do IRS.
Joaquim Miranda Sarmento vai fazer-se substituir pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, o que irá tornar o debate potencialmente menos técnico e mais político, numa tentativa de controlo de danos, depois da entrevista do ministro das Finanças à RTP e do comunicado do Governo.
Na entrevista ao programa Hora da Verdade da Renascença e do jornal Público que será divulgada na íntegra esta quinta-feira, a socialista Alexandra Leitão considera que o que os dirigentes da Aliança Democrática (AD) andaram a dizer na campanha eleitoral "era, no mínimo, duvidoso".
"Não se pode tirar 200 milhões em IRS e depois dizer que se está a fazer a maior redução de impostos", conclui a dirigente socialista. Alexandra Leitão nota que a AD fez toda uma campanha eleitoral prometendo a prioridade na redução de impostos para os trabalhadores e à luz do que agora foi dito "isto está posto em causa".
A eventual ausência de contas certas e uma potencial falta à palavra dada durante a campanha eleitoral por parte da AD é a tese em que os socialistas apostam para o debate de urgência.
Ao Hora da Verdade, Alexandra Leitão diz que a conclusão a tirar desta polémica é a de que o corte no IRC "é bem maior, portanto a prioridade é outra" e "os valores começam a não bater tão certo".
Para a líder parlamentar do PS "parece já estar esclarecido" que a redução final do IRS é de 200 milhões de euros. Mas, "quando um político, ou qualquer pessoa no espaço público, percebe que, bem ou mal, as suas palavras estão a ser interpretadas de outra forma, tem obrigação de garantir que as suas palavras são percebidas como aquilo que quer dizer".
Ora, tendo em conta que o próprio ministro Adjunto e da Coesão Social, Manuel Castro Almeida admitiu na SIC Notícias que houve um "equívoco" e uma "ambiguidade" na explicação da medida, Alexandra Leitão conclui que poderá ter havido da parte do Governo "o aproveitamento propositado de uma ambiguidade".
Alexandra Leitão dá pistas sobre como os argumentos do PS vão ser explorados: a "ambiguidade" nas explicações do Governo se não foi criada de propósito, pelo menos "o aproveitamento dela, ah, isso não tem dúvida, foi criado de propósito".