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A EDP diz que nada há a temer quanto ao futuro da aldeia de Amieiro por causa da barragem do Tua.
A aldeia ribeirinha do rio Tua continuará a ser uma aldeia ribeirinha, diz à Renascença o administrador da EDP António Ferreira da Costa, e terá condições para se desenvolver graças ao turismo.
O responsável da EDP admite que, "no momento actual", as populações ainda não vejam os benefícios, mas não tem "dúvida alguma de que o Vale do Tua irá ter um crescimento muito significativo", à semelhança do que aconteceu com o Douro.
Tem-se afirmado que haverá para Amieiro vantagens do ponto de vista turístico. A população diz que não vê nada. Quais serão, afinal, os benefícios para a população?
É natural que as populações, no momento actual, não vejam [vantagens]. No futuro, estou convencido de que toda a região ribeirinha do Vale do Tua será positivamente impactada pelo desenvolvimento turístico associada à fruição de uma albufeira que passará a ter movimento de barcos, movimento de turismo, que terá toda a capacidade associada à criação do plano de mobilidade turística no âmbito do Parque Natural regional do Tua, com caminhos pedestres. O turismo é algo que tem que ser feito, que tem que ser oferecido e, portanto, estará muito dependente daquilo que os actores locais façam no sentido de promoverem esse mesmo turismo. As condições, à partida, estão criadas para que ele se desenvolva.
Tem notícias de interesse de promotores em desenvolver actividades turísticas na região?
É claro que sim. Em primeiro lugar, um interesse já é patente, que é o do operador que vai ser responsável pelo plano de mobilidade. É uma empresa que pertencerá ao grupo Douro Azul, um dos grandes actores, sob o ponto de vista turístico, do Douro. Eu sei que há movimentação de compras e de procura de terrenos para virem instalar lugares onde os turistas possam ficar durante os seus passeios. Assim como o Douro, ao longo dos anos, foi crescendo em turismo, não tenho dúvida alguma de que o Vale do Tua irá ter um crescimento muito significativo, também.
Haverá necessidade de mais alguns habitantes locais virem a perder terrenos, áreas de cultivo? A Renascença constatou, no local, que alguns populares dizem estar arrependidos e usam a expressão "quase obrigados a vender os terrenos". Alguns dizem que ainda nada receberam. Como é que responde a estes factos? Porque é que ainda nada receberam passado tanto tempo?
O processo expropriativo, se assim se pode chamar, está concluído. O valor das expropriações atingiu oito milhões de euros, o valor global entregue aos proprietários. Não há nenhum processo pendente de acordo com proprietários. Em alguns casos falta realizar o acto de compra e venda por razões diversificadas, mas algumas são associadas a proprietários que ainda não têm as condições para fazer a escritura. Agora, a sinalização já foi feita e esse pagamento já foi feito.
Nos casos em que ainda falta terminar o processo, qual é a expectativa? Quando é que ficará tudo concluído?
Depende mais dos proprietários e de legalizarem as propriedades ou processos, por exemplo, de habilitação de herdeiros do que do nosso lado. Há que salientar a forma absolutamente correcta, leal, cooperativa estabelecida entre a EDP e as povoações locais neste processo.
Várias associações ambientais consideram que aquilo é um desastre ecológico. Que garantias é que dá de que foi feito um estudo de impacto ambiental e de que não haverá grande prejuízo para toda aquela região?
De facto, não haverá. Os estudos de impacto ambientais foram feitos e aprovados pelas autoridades e as medidas de compensação estão implementadas ou em implementação. O impacto que teve no Alto Douro vinhateiro é uma matéria completamente resolvida na UNESCO e, portanto, estamos convencidos de que a barragem em si, a central, em si, vão ser, ao contrário daquilo que se diz, uma atracção e o valor ambiental daquela região vai permanecer para o futuro.
Relativamente à produtividade, esta era uma barragem assim tão fundamental para a produção de energia eléctrica no país?
A hidroeletricidade em Portugal faz-se pela junção de contribuições. Não existe em Portugal nenhum empreendimento que tenha potência significativa instalada. É por adição de contribuições que Portugal vai ter uma produção hídrica renovável ao nível daquilo que é a média europeia. Para falar em termos muito simples, a produção em ano médio é de 12 mil gigawatts produzidos por cerca de 40 barragens, ou seja, dá uma média de 300 e o Tua vai produzir anualmente cerca de 650.
Como é que se traduz no benefício para as populações?
Traduz-se não directamente. A energia hídrica continua a ser a energia de menor custo de produção em Portugal, portanto, quanto mais hídrica nós tivermos mais condições temos para que o custo de produção baixo. Se nós, em Portugal, só tivéssemos energia de alto custo, o preço da energia teria tendência para subir.