O partido do Kremlin, Rússia Unida, reivindicou a vitória nas legislativas russas, mas perdeu bastante apoio em relação às últimas eleições, de acordo com dados apurados até esta segunda-feira de manhã, com 64% dos votos já contados.
"Permitam-me que vos felicite por uma clara e limpa vitória", declarou Andrei Turchak, secretário-geral do partido no poder, na sua sede, em Moscovo, perante vários dos cabeças de lista do partido presidencial, mas com algumas ausências notadas, como as dos ministros da Defesa, Sergei Shoigu, e dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov.
O presidente da câmara de Moscovo, Sergei Sobianin, afirmou que os resultados das eleições para a Duma determinarão "o destino do país, a sua estratégia de desenvolvimento, a sua soberania, a sua economia e a proteção social dos seus cidadãos".
Segundo a Comissão Eleitoral Central (CEC), o Rússia Unida somou perto de 48% dos votos, quando estão contados 64% dos boletins depositados nas urnas nos últimos três dias, ao passo que os comunistas serão o segundo partido mais votado, com quase 21%.
Estes resultados garantirão, de acordo com a CEC, a maioria absoluta ao partido do Presidente russo, Vladimir Putin, uma vez que, além de liderar a corrida por listas partidárias, os seus candidatos vencem em mais de metade dos 225 círculos eleitorais maioritários.
Por sua vez, os especialistas preveem que, com cerca de 45% dos votos e a vitória em 190 dos círculos eleitorais, o Rússia Unida renovará a maioria constitucional, ou seja, obterá mais de 300 dos 450 assentos parlamentares na câmara baixa.
"Lideramos claramente, tanto por listas como em número de círculos eleitorais. O nosso objetivo é a maioria constitucional que, segundo os nossos dados, conseguiremos. Esperemos que cheguem os resultados", assegurou Sergei Perminov, subsecretário-geral do partido.
Em 2016, o partido no poder obteve mais de 54,20% dos votos, o que lhe permitiu somar 334 mandatos e aprovar leis sem precisar de acordos com a oposição com assento parlamentar.
Segundo os dados oficiais, na câmara baixa entrarão cinco partidos, em vez dos quatro da anterior legislatura: Rússia Unida, os comunistas, o Partido Liberal Democrático (PLDR) do ultranacionalista Vladimir Zhirinovski (9,30%), o recém-criado Gente Nova (7,59%) e os social-democratas do Rússia Justa (6,86%).
Poucos minutos antes do fecho das mesas eleitorais na parte europeia da Rússia, os comunistas denunciaram a ocorrência de fraude em várias regiões do país, desde a parte europeia à Sibéria e ao Extremo Oriente, e exigiram a perseguição criminal dos "falsificadores".
Tanto a CEC como o Ministério do Interior russo desvalorizaram as infrações, argumentando que não influenciaram o resultado final das eleições.
A CEC reconheceu apenas uma dúzia de casos de enchimento de urnas com votos falsos e anunciou a anulação de mais de 8.500 votos, o que causou a indignação da oposição.
Os observadores independentes e a oposição extraparlamentar, liderada pelo encarcerado Alexei Navalny, denunciaram numerosos casos de fraude no voto eletrónico – 2,6 milhões de eleitores – e ao domicílio, e também a votação forçada de militares e funcionários do setor público.
Segundo a CEC, cerca de 45,15% dos 110 milhões de eleitores russos foram às urnas, menos 2,5 pontos percentuais que há cinco anos.