Leonardo DiCaprio divulgou este fim de semana uma imagem dos marcantes incêndios de 2017 em Pedrógão Grande, para dar destaque à luta judicial iniciada por seis jovens portugueses no rescaldo dessa tragédia num tribunal europeu.
No instagram, o ator norte-americano e ativista ambiental publicou uma fotografia de Miguel Riopa em que se vê uma zona de Pedrógão negra, completamente consumida pelas chamas.
Na legenda, DiCaprio deu protagonismo aos "jovens de Portugal [que] estão a lutar contra poderosos governos europeus para proteger o seu país-natal e as suas vidas, que têm sido destruídos por condições meteorológicas extremas" e cujos "casos judiciais estão a ser ouvidos pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos".
A publicação foi feita no sábado, ao final de mais de um mês de violentos incêndios que têm assolado não só Portugal como Espanha e vários outros países europeus. Os jovens a quem DiCaprio se refere interpuseram o processo contra 33 países em 2020, sendo aconselhados pela Global Legal Action Network (Glan), que está a representar outros queixosos em processos semelhantes.
"Na sua litigância, financiada através de crowdfunding, estes jovens ativistas argumentam que a crise do clima interfere com o seu direito à vida, ao respeito e até a não serem discriminados", destaca o ator dois anos depois do arranque do processo. "O objetivo é vincular legalmente os governos a mais cortes nas emissões a nível local e internacional."
O grupo de queixosos é composto por duas crianças e quatro jovens adultos, entre eles Cláudia Agostinho, enfermeira de 23 anos que ficou destroçada ao ver o impacto do incêndio de Pedrógão na zona onde sempre passou férias desde pequena.
O grupo de jovens quer que o TEDH responsabilize 33 Estados, incluindo os 27 Estados-membros da UE, bem como o Reino Unido, a Noruega, a Rússia, a Turquia, a Suíça e a Ucrânia, e lhes exija que previnam a discriminação da juventude e protejam o direito das gerações futuras a existir ao ar livre e a viver sem ansiedade.
O caso foi aberto no tribunal europeu na sequência do mês de julho mais quente dos últimos 90 anos em Portugal à data -- um recorde que foi entretanto batido este ano -- e três anos depois dos devastadores incêndios florestais de 2017, que provocaram 120 mortos no país. Quatro dos queixosos são de Leiria, o distrito mais afetado por esses incêndios. Os outros dois vivem em Lisboa.
Até esta segunda-feira, tinham ardido 745 mil hectares na União Europeia desde o início deste ano, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS).