"Lúcido e sem sequelas". O Presidente brasileiro, Lula da Silva, foi submetido, aparentemente com sucesso, a uma cirurgia de emergência na última noite, para drenar um coágulo de sangue localizado no cérebro.
A hemorragia intracraniana terá resultado de uma queda em sua casa, já em meados de outubro. A verdade é que só agora o coágulo foi detetado.
O paciente Lula queixou-se de uma súbita e intensa dor de cabeça e a ressonância magnética realizada confirmou a existência de um coágulo, prontamente drenado por via de uma "craniotomia".
Os médicos que operaram o Presidente brasileiro, em São Paulo, garantem que não há lesões cerebrais e a primeira-dama, Rosângela da Silva, assegura que em breve Lula voltará a trabalhar.
Em declarações à Renascença, o neurocirurgião Luís Rocha, do Hospital de Santo António, no Porto, não estranha que o coágulo só agora tenha sido detetado, quase dois meses depois da queda.
É normal que os sintomas surjam tanto tempo depois?
Habitualmente, a manifestação clínica acontece bastante tempo depois. Pode ser desde uma simples dor de cabeça, até algum tipo de défice neurológico, nomeadamente do ponto de vista motor ou de sensibilidade, e é isso que acarreta a observação pela parte médica.
Lula da Silva foi submetido a uma “craniotomia”, diz-se que ele está lúcido e sem sequelas. Há riscos?
Sim há riscos, mas riscos perfeitamente controlados tipicamente. O mais importante será uma boa vigilância médica, nesta fase, e durante os primeiros dias, na convalescença, ou seja, algum repouso é sempre relevante. Apesar de tudo, dentro da patologia cerebral e dos procedimentos que nós fazemos com caráter de urgência, é um procedimento que nós consideramos de baixo risco e com um ótimo potencial de recuperação. Não é uma cirurgia que exigem grandes cuidados a posteriori. Obviamente precisa de alguma vigilância, de algum repouso, como em qualquer procedimento cirúrgico.
Portanto, à partida, se tudo correr bem, dentro de dias, poderá exercer de forma normal o seu cargo de Presidente do Brasil?
Sim, penso que sim. Obviamente que tudo vai depender de muitos fatores, que nós desconhecemos completamente, mas, pelo tipo de patologia que parece ter desencadeado toda a situação, se tudo correr pelo melhor, eu penso que sim, que não haverá qualquer impedimento. Mas é uma suposição, apenas, neste momento.
É comum, depois uma operação destas, voltar a crescer um coágulo?
Poderá ter uma recidiva. Tratando-se deste tipo de patologia, é algo que é vigiado por nós, quase sempre em consulta seriada e até, se for necessário, exames seriados, nomeadamente num TAC ou ressonâncias, que permitam avaliar o doente a posteriori. Há uma perspetiva de recidiva baixa, mas é possível perfeitamente.
Resumindo e concluindo. Acredita que, depois desta intervenção cirúrgica, o estado do paciente não irá afetar a condução do país?
Penso que não, obviamente. É tudo, numa base de suposição, não temos informações necessárias para isso, mas, se de facto correu tudo como foi divulgado pela equipa médica, penso que permitirá [a Lula da Silva] regressar às suas funções rapidamente.