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Estão nesta altura em viagem para Portugal mais 390 pessoas que fugiram da guerra na Ucrânia.
São transportados em cinco autocarros e 25 carrinhas no âmbito da “Missão Ucrânia”. Uma iniciativa de empresários e particulares, que chocados com o que se está a passar naquele país, se juntaram várias organizações como a Cruz Vermelha, a União das Misericórdias e a Ordem dos Médicos.
Levaram toneladas de ajuda e regressam agora com 390 pessoas, a maioria são mulheres e crianças, mas também há muitos bebés.
Vitor Almeida, que coordena o gabinete humanitário da Ordem dos Médicos, viaja com estes refugiados e conta à Renascença que “estão a fugir mães com crianças”.
“Mais de metade das pessoas que levamos para Portugal são crianças, desde bebés de seis meses até aos 12 anos. São crianças muito pequeninas que fizeram viagens de vários dias dentro do território ucraniano e que estão exaustas. Depois há alguns idosos, familiares, que as acompanham. Identificamos alguns doentes oncológicos, alguns doentes crónicos, mas nenhum tão grave que não pudéssemos trazer”, descreve.
Ansiedade e exaustão física
Vitor Almeida refere que todos sofrem de ansiedade e muitos de exaustão física.
“A exaustão física nota-se claramente. As pessoas estão cansadas, pois andaram muito tempo na Ucrânia até chegarem à fronteira, e não têm dormido.”
O profissional de saúde realça que “estas mulheres deixaram para trás os maridos e o grau de ansiedade é evidente. O medo de o perderem na guerra está presente e isso nota-se quando se fala com elas”.
“Depois temos as crianças que estão afastadas dos pais, estamos a falar de crianças de 10, 12 anos que sofrem com esse afastamento e têm noção do que se passa, de que podem não voltar a vê-los. Temos aqui pessoas muito frágeis que deixaram tudo para trás e que agora estão em segurança, a caminho de Portugal, mas não têm a família completa”, observa.
Não há ninguém que precise de internamento
Os doentes já têm história clínica feita, pelo que à chegada a Portugal poderão dar de imediato entrada no serviço nacional de saúde, mas de acordo com Vitor Almeida “não há ninguém que precise de internamento à chegada”.
Na viagem em direção a Portugal, os médicos têm respondido a necessidades habituais nestes casos. A viagem é longa e as pessoas estão muito cansadas.
“Desde vómitos, gastroenterites que existem, dores, exaustão e ansiedade evidentemente, portanto, no fundo estamos a fazer vigilância para podermos identificar alguma situação mais complicada que possa surgir. Temos material de emergência connosco se for necessário, mas como estamos na Europa temos 112 a funcionar em qualquer lado”, conta.
No fundo é fazer o transporte de 390 refugiados numa coluna com cinco autocarros e 25 viaturas com alguma garantia de estabilidade e segurança”, conclui Vitor Almeida, que integra o grupo de quatro médicos, entre eles uma ucraniana, e que deve chegar amanhã ao final do dia a Portugal, após uma longa viagem de cerca de 3.600 km desde a Polónia.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 726 mortos e mais de 1.170 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.