​PSD quer suspensão do processo de descentralização até junho
16-11-2022 - 20:18
 • Manuela Pires

O PSD acusa o Governo de desorganização, de incumprimento de prazos e considera que não é em poucas semanas que as câmaras vão conseguir assumir as competências na área da ação social.

Os Autarcas Social Democratas (ASD) já tinham defendido, no início do mês, que não existem condições para avançar com a transferência de competências na área da ação social em janeiro. Agora, o PSD pede, em sede de discussão do Orçamento do Estado, a suspensão deste processo por um prazo de seis meses.

Em declarações à Renascença, o deputado Luís Gomes diz que o Governo não cumpre prazos, não chega a acordo com a Associação Nacional de Municípios nesta área e defende a suspensão do processo.

“O acordo que foi assinado com a Associação Nacional de Municípios previa que as portarias pudessem ser publicadas no final de outubro e isso não aconteceu”, revela o deputado social-democrata, que fala em mais uma trapalhada e uma desorganização por parte do Governo.

Luís Gomes, que foi autarca no Algarve, aponta ainda uma outra dificuldade que é colocada aos municípios e que está relacionada com a falta de cabimento de verbas, uma vez que os municípios estão nesta altura a aprovar os orçamentos para o próximo ano.

“Numa altura em que os municípios já têm fechado o orçamento para 2023, não faz sentido o Governo vir com mais uma proposta de descentralização que tem um impacto muito importante”, alega Luís Gomes.

Na passada terça-feira, o Governo voltou a reunir-se com a Associação Nacional de Municípios Portugueses para tentarem chegar a acordo. Em declarações aos jornalistas, a ministra da Coesão recusou um novo adiamento da passagem das competências na área da ação social para as autarquias, em 1 de janeiro, manifestando-se empenhada num acordo o mais breve possível.

Em declarações à Renascença, o deputado social-democrata considera que esta área é complexa, e os municípios têm de fazer um levantamento das necessidades e perceber quais as competências que passam para as autarquias, porque, diz, ainda nada está definido.

“Não faz sentido o Estado descentralizar apenas o que gasta nesta área em termos municipais porque é muito pouco. E os autarcas devem ter tempo para fazer o levantamento das necessidades, e por isso deve ser suspenso por seis meses”, diz Luís Gomes.

Reduzir o IVA na alimentação escolar

O PSD apresentou várias propostas de alteração ao Orçamento do Estado na área do poder local. Uma delas dá seguimento às exigências da ANMP, que é o pagamento de 156 milhões de euros aos municípios e cinco milhões de euros às freguesias pelas despesas que tiveram com a pandemia da Covid-19.

Os social-democratas querem ainda reduzir o IVA da energia, eletricidade e combustíveis, para os municípios e também baixar este imposto nas refeições escolares.

Luís Gomes refere que o IVA deve descer para a taxa mínima nas refeições escolares e acredita que o governo “não pode deixar de apoiar esta medida justa”.

Outra proposta é a avaliação da vulnerabilidade sísmica dos edifícios e reforço do Fundo de Financiamento da Descentralização. Luís Gomes refere que há relatórios que indicam que os “equipamentos públicos, designadamente os escolares e de saúde não estão preparados para o reforço sísmico”.