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O medo está a levar os doentes renais crónicos a evitar ir ao hospital, por receio da Covid-19.
Os médicos nefrologistas apelam a cuidadores e doentes para que não faltem às consultas nem ao seguimento dos tratamentos. Este começa a tornar-se um cenário de crise, avisa Teresa Chuva, médica nefrologista do IPO do Porto, e está a levar ao aumento de casos em estado avançado, muitas vezes já sem possibilidade de sobreviver.
Em declarações à Renascença, a médica relata casos de familiares que ligam a dizer “o meu pai recusa-se a ir à consulta. Lamento imenso, mas ele não vai, diz que não sai de casa nem por nada”, e avisa que estas situações estão a levar ao aumento do número de mortes. “Os doentes chegam à urgência verdadeiramente muito mal, como nós não víamos acontecer há vário anos”, descreve.
A nefrologista explica que, nestas situações, “os médicos conseguem fazer pouco por esses doentes”.
“Às vezes conseguimos compensar telefonicamente aquilo que é possível, mas sem análises, por exemplo, é difícil ajustar valores já muito alterados e, muitas vezes, a maior parte destes doentes têm também outras doenças associadas, como a diabetes. Sem análises e exames conseguimos fazer muito pouco”, desabafa.
Teresa Chuva explica que, na primeira fase da pandemia, foram adiadas todas as consultas por um ou poucos meses, nos casos menos graves, mas “nessa altura não foi dramático”. A médica nefrologista sublinha que, neste momento, há um esforço por manter as consultas “dentro do que é possível e, mesmo assim, muitos doentes têm receio de se dirigirem ao hospital fazer análises e exames”.
“Isto (a pandemia) já dura há mais de um ano, vai continuar a durar e muitos doentes perdem completamente o seguimento. Depois chegam-nos em situações muito tardias e muito mais graves do que deveria acontecer”, avisa.
Não existem, por agora, números que quantifiquem esta realidade, mas a médica do IPO do Porto deixa o alerta e afirma que tem conhecimento deste cenário em diversos hospitais do país.