Pedro Nuno Santos acusa PAN de "ambiguidade", Inês Sousa Real diz que "não é de esquerda nem de direita"
10-02-2024 - 22:27
 • Manuela Pires , com Ricardo Vieira

No debate deste domingo, o líder socialista confrontou o PAN com aliança na Madeira com a direita, porta-voz do partido Pessoas-Animais-Natureza respondeu que na região autónoma não há touradas e foi possível chegar a um consenso.

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O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, acusou este sábado, no debate para as eleições legislativas realizado na TVI/CNN Portugal, a líder do PAN, Inês Sousa Real, de ambiguidade pelo acordo feito com o PSD na Madeira.

O PAN tem estado no continente ao lado do Governo socialista na viabilização de orçamentos, mas Pedro Nuno Santos não perdoa o entendimento na região autónoma.

"A ambiguidade do PAN relativamente ao centro-esquerda e ao centro-direita. Não é a mesma coisa trabalhar com um partido como o nosso, que reconhece e quer combater a emergência climática, e uma coligação que tem partidos como PSD, CDS e PPM que estão nos antípodas do PAN", declarou o líder socialista.

Questionado se conta com o PAN no caso de vencer as legislativas sem maioria absoluta, Pedro Nuno Santos respondeu que após 10 de março se verá "qual é a melhor solução" em função "da configuração parlamentar que sair".

"Na Madeira não há touradas"

Na resposta, Inês Sousa Real diz que o PAN não é de esquerda nem de direita, mas sim do "centro-progressista", e que o partido está disponível para soluções após as eleições legislativas de 10 de março.

A representa do partido Pessoas-Animais-Natureza explicou que há diferenças entre o continente e a Madeira.

"Nós estamos comprometidos em fazer avançar a nossa causas. Não nos podemos esquecer que na Madeira não há touradas, em Portugal continental há touradas, infelizmente", referiu a líder do PAN.

Inês Sousa Real sublinha que o fim ao financiamento da tauromaquia é uma das principais prioridades do partido.

"Esse é um dos nossos grandes desígnios para a próxima legislatura, que não há nem mais um cêntimo de dinheiros públicos para financiar a tauromaquia e terá de haver um compromisso por parte de quem esteja em condições de formar Governo para não permitir que isso aconteça", declarou a porta-voz do PAN.

Sem fechar a porta a futuros entendimentos, os dois líderes partidários divergiram sobre impostos e projetos de infraestruturas. Inês Sousa Real criticou a instalação de um centro de dados em Sines - que vai "destruir milhares de sobreiros" - e da exploração de lítio investigados na Operação Infuencer.

Pedro Nuno Santos sustentou que é preciso "conciliar o interesse ambiental com o interesse económico" e que "o que é fundamental é que cada projeto cumpra a lei", mas colocou a tónica na necessidade de desenvolvimento do país, observando: "Não podemos estar sempre no pára-arranca".

Em matéria de impostos, o secretário-geral do PS colocou o PAN ao lado dos partidos à direita que veem a descida do IRC como "solução milagrosa" para o crescimento económico. Inês de Sousa Real frisou que a proposta do PAN de reduzir este imposto até 17% "tem um teto máximo que não abrange as grandes empresas" e defendeu que esta "é uma forma de ter investimento em Portugal".

"A maioria mentira da campanha eleitoral"

Pedro Nuno Santos começou o debate com uma resposta àquela que considerou "talvez a maioria mentira desta campanha eleitoral", quando o líder do PSD, Luís Montenegro, acusou os socialistas de terem feito um corte nas pensões de mil milhões de euros.

"O Governo do PS não fez nenhum corte de pensões. Eu percebo que o líder do PSD se queira reconciliar com os pensionistas, mas primeiro tem que se reconciliar com a realidade", atirou o líder socialista.

A localização do novo aeroporto foi outro dos temas em que PS e PAN divergem. Inês Sousa Real defende a melhor solução económica e ambiental e Beja "deve ser reaproveitada" como opção complementar, "sem deixar o debate da ferrovia para trás".

Pedro Nuno Santos, que defende Alcochete como localização do novo aeroporto, diz que Portugal não pode esperar mais tempo e é preciso decidir. "Andamos há décadas a arrastar os pés, não temos que inventar, a Comissão Independente produziu um relatório, o que falta é decidir", declarou o líder do PS.