Estão a aumentar os casos de sarampo em todo o mundo. Um relatório de agosto da Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que nos primeiros seis meses do ano o total de casos contabilizados é o maior registado desde 2006.
Já foram registados cerca de 364.808 casos de sarampo em todas as regiões da OMS. Nesta altura, os maiores surtos estão a ser registados em Angola, Camarões, Chade, Cazaquistão, Nigéria, Filipinas, Sudão do Sul, Sudão e Tailândia.
Os Estados Unidos registaram o maior número de casos em 25 anos, segundo o relatório.
Em relação à Europa, foram reportados cerca de 90 mil casos em 53 países, mais do que o total registado em 2018 durante todo o ano (84.462).
Segundo a organização, Europa está a “perder terreno nos esforços pela eliminação do sarampo”, tendo a doença registado um aumento de 120%.
“O regresso da transmissão do sarampo é um problema preocupante: se não conseguirmos estabelecer e manter alta a cobertura de imunização em cada comunidade, crianças e adultos terão um sofrimento desnecessário e alguns estarão condenados a uma morte trágica”, alertou Günter Pfaff, presidente do Comité Regional para a Verificação da Eliminação do Sarampo e da Rubéola.
Com base nos números de 2018, a doença já não é considerada como "eliminada" no Reino Unido, Grécia, República Checa e Albânia. Para a OMS, o estado de "eliminação" é a ausência de transmissão contínua por 12 meses numa área geográfica específica.
Bons alunos, a Áustria e a Suíça alcançaram o 'status' de "eliminação" depois de "demonstrarem a interrupção da transmissão contínua por pelo menos 36 meses".
Em Portugal, a situação é menos preocupante. Nos primeiros seis meses deste ano, houve apenas 10 casos. No ano passado, foram registados 171. Além disso, o país mantém o estatuto de eliminação do sarampo desde 2015, apesar dos surtos pontuais.
Portugal teve no ano passado três surtos de sarampo, que, entretanto, a Direção-geral da Saúde já declarou como extintos.
A gravidade da situação levou a OMS a declarar uma emergência de nível 2 para a infecção na Europa. Ao jornal "Público", Graça Freitas, directora-geral de Saúde, diz que é uma situação “extraordinária”.
A responsável explica que este nível de alerta ajuda “a OMS a mobilizar recursos técnicos, humanos e financeiros — é um mecanismo interno da organização”, mas pouco habitual na Europa. “Não temos doenças infecciosas com esta magnitude.”
Em 2018, foram reportados à OMS 353.236 de sarampo a nível mundial.
A OMS calcula que menos de um em cada 10 casos seja relatado em todo o mundo, o que significa que a escala da epidemia é muito maior que as estatísticas oficiais indicam.
A agência especializada da ONU estima que, de facto, ocorram cerca de 6,7 milhões de mortes por ano relacionadas ao sarampo, disse O'Brien.
O sarampo está a ressurgir em todo o mundo devido ao escasso acesso aos cuidados de saúde e à desconfiança relativamente às vacinas. Até 2016, no entanto, estava em regressão.
Não existe cura, mas a doença pode ser evitada com duas doses de uma vacina, segundo a OMS, que estima que mais de 20 milhões de mortes são evitadas em todo o mundo entre 2000 e 2016 graças a à vacinação.
O vírus do sarampo é transmitido por contacto direto com as gotículas infeciosas ou por propagação no ar quando a pessoa infetada tosse ou espirra. Os doentes são considerados contagiosos desde quatro dias antes até quatro dias depois do aparecimento da erupção cutânea.
Os sintomas de sarampo aparecem geralmente entre 10 a 12 dias depois de a pessoa ser infetada e começam habitualmente com febre, erupção cutânea (progride da cabeça para o tronco e para as extremidades inferiores), tosse, conjuntivite e corrimento nasal.