Foi com "choque emocional" que D. António Marto recebeu a notícia "tão inesperada" da morte de D. Anacleto Oliveira, bispo de Viana do Castelo, num despiste de automóvel.
"Foi um choque grande, sobretudo pela maneira tão trágica como terminou a sua existência terrena", diz à Renascença.
O bispo de Leiria-Fátima descreve D. Anacleto como um "um grande amigo", com quem manteve uma relação próxima desde os tempos de estudante em Roma, nos anos 70.
"A relação de amizade perdurou no tempo. Desde então, reconheci nele a paixão pela Bíblia, pela palavra de Deus", conta à Renascença.
D. António Marto revela ainda que o bispo de Viana de Castelo foi sempre um estudioso. Recorda mesmo um exemplo dessa dedicação ao estudo.
"Quando estava a estudar a Sagrada escritura, começavam pelo hebraico e o grego bíblico. E quando saíamos em passeio, o D. Anacleto levava sempre um caderninho com as palavras hebraicas que o professor dizia que devia saber de cor. E de vez em quando ele puxava do caderno, para ir decorando mais palavras. É uma curiosidade, para mostrar a paixão e o rigor que ele punha no estudo", conta o bispo de Leiria-Fátima.
Para D. António Marto, o bispo agora falecido foi "uma mais-valia para o Episcopado".
"Espero que nós os bispos sejamos dignos do legado que ele nos deixa como pastor e pai na diocese de Viana do Castelo", afirma.
O bispo recorda as reflexões "sempre pertinentes e profundas, sensatas e práticas" do amigo, que descreve como "uma pessoa muito simples, afetuosa, afável".
"As suas palavras tinham sabedoria e sabor. Era preciso escutá-lo com muita atenção", considera.
"Vamos recordá-lo com saudades próprias da amizade e pelo legado que deixa à Igreja em Portugal", diz D. António Marto à Renascença.