Os supermercados de Feces de Abajo, na Galiza, não têm mãos a medir para alterar os preços que estão, agora, mais baixos devido à isenção ou redução do IVA sobre produtos básicos decidida pelo Governo antes do virar do ano.
“Estamos mesmo agora a fazer as novas marcações de produtos que desceram devido à eliminação ou redução do IVA”, conta à Renascença Puri Regueiro.
Para a comerciante, esta medida do Governo espanhol é uma lufada de ar fresco que pode vir a dinamizar o comércio local, ao mesmo tempo que ajuda as famílias.
“A nossa expectativa é que isto desperte as pessoas à procura, tendo em conta os novos preços”, diz, acreditando que também os portugueses não vão ficar indiferentes a esta descida nos produtos.
A mesma opinião é manifestada por António Santos, proprietário do supermercado Tóni, que está convicto que esta mexida no IVA vai ajudar comerciantes e consumidores.
“Tudo o que seja baixa de preços de consumo é bom. E a baixa no IVA também é bom porque baixam os artigos e os produtos de primeira necessidade. Alivia um bocadinho as economias das famílias porque baixa o preço do cabaz alimentar”, observa.
Segundo este comerciante, “nos postos transfronteiriços vive-se dos portugueses e ao baixarem os produtos é natural que as pessoas venham um pouco mais”.
Esta segunda-feira, já se notou um acréscimo de portugueses às compras nesta localidade da Galiza. Foi o caso de Mavilde Sevivas. Quase a fazer 70 anos, diz à Renascença que faz habitualmente as suas compras em Feces de Abajo.
Depois de confirmar com a comerciante que as novas medidas já estão em vigor, dirige-se às prateleiras para escolher diversos produtos: pão, hortaliças, chocolates, massa, azeite e materiais de limpeza.
“Os produtos são muito mais baratos. E se já antes compensava vir aqui, agora compensa muito mais com a descida do IVA”, diz, lamentando que em Portugal o Governo não adote uma medida idêntica.
Também Francisco Bandeiras, 68 anos, vem sempre a Espanha às compras. Abastece a viatura, compra gás e produtos alimentares. Apesar de percorrer 25 quilómetros, assegura que compensa e muito, “e muito mais agora com a isenção ou descida no IVA” nos bens essenciais.
“Todas as semanas estamos aqui a comprar. É muito mais barato. Compensa bem a viagem. Da maneira que a vida está, é preciso poupar.”
Já Sandra Teixeira, 40 anos, diz à Renascença que foi o nível de vida em Espanha, e as medidas do Governo espanhol, que a levaram a mudar-se para este lado da fronteira.
“Espanha ajuda muito o pobre. Eu vim para cá viver e tive que deixar Portugal porque morríamos à fome. Lá não há trabalho, não há nada, e aqui a pessoa sem trabalhar tem muitas ajudas do Governo, o que não dá Portugal.”
Do novo pacote de medidas, o terceiro do Governo espanhol para ajudar a combater a escalada da inflação, faz parte a isenção do IVA sobre alimentos básicos - como pão, leite, queijo, ovos, fruta, legumes e leguminosas, batatas e cereais- durante seis meses e a redução de 10% para 5% em alimentos como azeite e massas.
Sandra diz que é “uma boa ajuda” e que vai permitir às famílias viverem “mais desafogadamente”, uma opinião que é partilhada por João Machado, de 78 anos.
Embora ainda um pouco incrédulo face à descida dos preços, diz que “é muito importante que os produtos essenciais fiquem mais baratos, porque os rendimentos não são muito grandes e só para comer vai-se quase tudo”.