A necessidade do setor olivícola do Alentejo responder aos atuais desafios, está na origem do Programa de Sustentabilidade do Azeite do Alentejo (PSAA), promovido pela Olivum - Associação de Olivicultores do Sul em parceria com a Universidade de Évora (UÉ).
O PSAA, que vai ser apresentado, em Évora, no próximo dia 12 de abril, surge para “melhorar a capacitação das Pequenas e Médias Empresas (PME)” e implementar “melhores práticas ambientais”, com consequências positivas para a melhoria “da eficiência, da produtividade, criação de valor, competitividade, resiliência e da imagem internacional”, revela Universidade de Évora.
Maria Raquel Lucas, coordenadora do projeto na UÉ, explica que os objetivos deste novo instrumento, passam por “apoiar os agentes económicos na melhoria do desempenho ambiental, social e económico da atividade olivícola da região, bem como o promover o reconhecimento do desempenho de sustentabilidade dos azeites da região como instrumento de resposta a uma falha de mercado existente e à afirmação dos azeites do Alentejo nos mercados interno e externo”.
De acordo com esta professora do Departamento de Gestão da academia alentejana, o PSAA é importante para uma “maior competitividade regional”, além de permitir que “os agentes do setor do azeite na região do Alentejo possam melhorar a sua performance económica, ambiental e social de forma a responder a oportunidades de mercado e aos riscos de distinta índole que atualmente enfrentam, através de uma a iniciativa coletiva, abrangente e não discriminatória”.
Por outro lado, a relevância desta iniciativa passa também para dotar “as prioridades estratégicas inteligentes da região e cooperação entre os agentes do setor do azeite e, consequente aumento do potencial económico do setor agroalimentar” sem esquecer que, sublinha a docente “pode tornar a agricultura e o setor agroalimentar mais sustentáveis”.
Para desenvolver este projeto em parceria com a Olivum, a Universidade de Évora disponibilizou uma equipa multidisciplinar, no âmbito da sua missão de produzir conhecimento, como, de resto, já tinha acontecido com a elaboração do Plano de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo, neste caso em parceria com a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana.
O PSAA, que conta com o apoio financeiro do Programa Operacional Regional do Alentejo, é apresentado a 12 de abril, em Évora, no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia.
Olival português com evolução muito significativa da produtividade
Segundo um estudo de 2019, publicado pela Olivum, a região do Alentejo tem-se afirmado como a referência mundial no processo de modernização e de inovação da olivicultura, permitindo colocar a região no centro das atenções do mundo agrícola.
“A região investiu em sistemas de produção modernos e eficientes, que permitiram aumentar significativamente a produtividade, e apostou na instalação de lagares de azeite com a tecnologia mais desenvolvida no mundo, o que tem permitido melhorar significativamente a qualidade dos azeites”, pode ler-se neste trabalho intitulado “Alentejo: a liderar a Olivicultura moderna internacional”.
Nos últimos anos tem-se assistido a uma evolução “muito significativa da produtividade do olival português”, com destaque para o aumento da produtividade do olival no Alentejo.
“É expectável que os atuais níveis de produtividade de azeitona (cerca de 3 toneladas por hectare) no Alentejo possam continuar a aumentar à medida que o olival tradicional seja reconvertido em sistemas de produção eficientes e com melhores produtividades (9 a 12 toneladas por hectare)”, é referido.
Apesar de todo o desenvolvimento da fileira, a área de olival em Portugal “tem-se mantido relativamente estável, fruto da reconversão de muitos olivais antigos em olival modernos”, além de que tem sido possível fazer “esta alteração do perfil olivícola, em particular no Alentejo e mais concretamente no Alqueva, com uma excelente compatibilização ambiental”.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), revelam que Portugal conta com pouco mais de 361.400 hectares de olival, com produções na ordem das 100/135 mil toneladas de azeite, um volume de negócios que supera os 600 milhões de euros, e mais de 7 milhões de unidades de trabalho por campanha.
Agrupa um total de aproximadamente 600 indústrias ligadas ao sector, entre lagares, fábricas de azeitona de mesa, refinadoras e fábricas de bagaço de azeitona.
A nível mundial existem mais de 11,5 milhões de hectares de olival, distribuídos por 64 países, sendo 70% olival tradicional e a restante olival moderno.
O processo de modernização da olivicultura internacional conduziu a que estes 30% de área de olival moderno produzam 40% do total do azeite produzido a nível mundial que, em termos de volume de negócios, gera uma receita na ordem dos 13 mil milhões de euros e emprega mais de 35 milhões de pessoas.