Conselho Mundial das Igrejas pede ao Patriarca Kirill que intervenha para um cessar-fogo
20-04-2022 - 09:55
 • Olímpia Mairos

Segundo o secretário-geral do CMI, o cessar-fogo é indispensável para “permitir que soldados e civis aterrorizados se abracem e troquem saudações de Páscoa, para silenciar, por um momento, as bombas e mísseis e poder ouvir-se o som triunfante dos sinos da igreja e o canto alegre dos fiéis”.

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O Conselho Mundial das Igrejas escreveu ao Patriarca Kirill de Moscovo implorando a sua intervenção com vista a “um cessar-fogo, pelo menos, por algumas horas”, para permitir que os católicos ortodoxos e gregos na Ucrânia, Rússia e em todo o mundo, possam celebrar pacificamente o domingo de Páscoa, a 24 abril.

O pedido foi formalizado pelo reverendo Ioan Sauca, secretário-geral interino do CMI, o corpo ecuménico que reúne 349 igrejas protestantes, ortodoxas e anglicanas.

“O nosso humilde pedido a Sua Santidade, nesta situação particular e impossível, é que possa intervir e pedir publicamente um cessar-fogo, pelo menos, por algumas horas, durante o culto da Ressurreição”, escreve o reverendo Ioan Sauca.

O cessar-fogo é indispensável, diz o responsável, para “permitir que soldados e civis aterrorizados se abracem e troquem saudações de Páscoa, para silenciar, por um momento, as bombas e mísseis e poder ouvir-se o som triunfante dos sinos da igreja e o canto alegre dos fiéis”.

Na missiva, o secretário-geral do CMI diz ao Patriarca de Moscovo que “as pessoas estão em grande desespero e sofrimento”.

“Estou ciente - escreve - que não está em seu poder parar a guerra ou influenciar aqueles que têm tal poder de decisão. Mas os fiéis aguardam uma palavra tranquilizadora de Sua Santidade. Eles acham que se se pronunciar com uma declaração pública e um pedido, como pai espiritual de milhões de ortodoxos, tanto na Rússia quanto na Ucrânia, isso pode ter impacto”.

O secretário-geral do CIM dá conta de “notícias preocupantes”, que evidenciam “planos para atacar igrejas durante as celebrações da noite de Páscoa e espalhar ainda mais terror e medo”.

“Nunca deixamos de pedir aos líderes políticos um cessar-fogo e um retorno à mesa de diálogo, desde o início das hostilidades, mas sem sucesso. Pelo contrário, nas atuais circunstâncias, todos vemos que a guerra se intensificou, indicando que a paz não pode ser alcançada tão breve quanto todos desejávamos e esperávamos”, lamenta.

Também o secretário-geral da ONU, António Guterres, já apelou a uma trégua de quatro dias na guerra na Ucrânia, durante o período da Páscoa ortodoxa.

O objetivo desta trégua é permitir a abertura de corredores humanitários para permitir a saída da população civil das zonas de conflito.

“Estou a pedir uma pausa humanitária ortodoxa na Semana Santa para a guerra na Ucrânia”, declarou António Guterres, numa mensagem proferida em frente à sede das Nações Unidas.