Os dois candidatos à segunda volta das presidenciais brasileiras estão esta quinta-feira no nordeste do país, numa região onde, ao contrário do resto do país, a polarização é quase inexistente com uma maioria claramente "vermelha".
Dez milhões de votos separam o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, do ex-chefe de Estado Lula da Silva nesta região, que concentra a maior população negra do país.
Na primeira volta, a 2 de outubro, na região que viu Luiz Inácio Lula da Silva nascer num dos seus estados, em Pernambuco, Jair Bolsonaro teve apenas 27% dos votos, contra os 66,7% dos votos do antigo sindicalista.
Na quarta-feira, depois de visitar um complexo de favelas no Rio de Janeiro, Lula da Silva foi para Salvador, a capital do estado nordestino da Bahia, que está também em disputa por um novo governador, onde foi recebido por um mar de gente para uma caminhada entre as principais ruas desta cidade.
Esta quinta-feira, já participou em mais uma ação de campanha em Aracaju, estado de Sergipe, seguindo depois para Maceió.
Em Aracaju, discursando para os seus apoiantes, lembrou que no seu tempo de governo, os pobres podiam andar de avião, o salário mínimo aumentava anualmente, incentivou leis contra a violência das mulheres, aprovou a lei da liberdade religiosa e criou a "maior quantidade de universidades federais da história do Brasil", dizendo que a "universidade era antes feita para brancos".
"O Governo agora não coloca dinheiro nas universidades do nordeste", disse Lula da Silva, garantindo que irá "restituir a dignidade" ao povo brasileiro.
Caso regresse ao poder, a sua "prioridade máxima" será "combater a fome", que atualmente afeta cerca de 33 milhões de brasileiros.
Na sexta-feira estará no Recife, no estado de Pernambuco onde nasceu.
No Recife esteve o seu oponente, Jair Bolsonaro, que procurou convencer "aqueles que votaram no partido das trevas a mudar o seu voto".
Numa operação de charme aos nordestinos, Bolsonaro lembrou à população do Recife que tanto a sua mulher, como uma das suas filhas, têm sangue desta região, numa indireta "aqueles que falam" que não gosta "do nordestino".
Bolsonaro relembrou a importância do programa Auxílio Brasil, que dá 117 euros por mês às pessoas mais carenciadas, e a queda dos preços dos combustíveis. "O Brasil está voando", garantiu.
"De um lado está o Presidente que quer ter um livre mercado, do outro, um que é pelo Estado forte e corrupto", afirmou, referindo-se a Lula da Silva.
Bolsonaro, antes de seguir para São Paulo, encontrou-se ainda com líderes religiosos da cidade.
Deverá ainda regressar no fim de semana ao nordeste para ações de campanha nos estados do Ceará e Piauí.
Luiz Inácio Lula da Silva venceu a primeira volta das eleições com 48,4% dos votos e Jair Bolsonaro recebeu 43,2%, pelo que os dois candidatos terão de se enfrentar numa segunda volta marcada para 30 de outubro.
Uma sondagem divulgada pelo instituto Ipec - Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, indica que Lula da Silva tem 51% das intenções de voto e que Jair Bolsonaro tem 42%.