O social-democrata Paulo Rangel considera que "Trump desceu a Lisboa pela mão da esquerda" para criticar os acontecimentos recentes na comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos.
Em declarações à Renascença, o eurodeputado critica a esquerda por impedir a transcrição das mensagens entre o ministro das Finanças, Mário Centeno, e o ax-presidente da Caixa António Domingues.
“Se nós andamos aqui a criticar, como eu critico, Donald Trump porque ele quer impedir os tribunais de funcionarem e quer impedir os controlos de funcionarem, como é que não estamos aqui a criticar o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda e o PCP por estarem a bloquear o trabalho de investigação da Assembleia da República. Isto é Trump em Lisboa ao serviço da maioria de esquerda e da ‘Geringonça’”, acusa o antigo deputado.
Paulo Rangel considera “absolutamente impensável” que a esquerda “tenha pedido um conjunto de informações e, depois, quando vê que as informações não são convenientes diz que elas não cabem no objecto da comissão e depois ainda vai fazer obstrução”.
O eurodeputado social-democrata defende que os tempos mudaram e que os deputados devem ter acesso às trocas de mensagens entre Centeno e Domingues, para esclarecer de uma vez por todas a polémica em torno das declarações de rendimentos e património dos administradores da Caixa.
“Há 20 anos, quando não havia telemóveis, emails ou internet, tudo se tramitava por documentos escritos e outras coisas deste género. Hoje, muitas das questões oficiais são tratadas através de correspondência de email e de SMS. Portanto, a questão da privacidade coloca-se, hoje, em termos totalmente diferentes do que se colocou no passado. Portanto, esse argumento não é válido dessa maneira”, sublinha Paulo Rangel, que já tinha defendido a demissão do ministro das Finanças.
PSD e CDS vão impor criação de umanova comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos, desta vez só para esclarecer o convite a António Domingues para liderar o banco público e as negociações subsequentes.
A Renascença apurou junto de dirigentes dos dois partidos que vão usar o direito potestativo para criar mais esta comissão. É possível criar comissões de inquérito parlamentar com as assinaturas de um quinto dos deputados. Foi assim que foi criada a comissão já em curso e PSD e CDS têm assinaturas mais do que suficientes para criar mais uma.