O secretário-geral adjunto da UGT, Sérgio Monte, assinalou esta terça-feira que a Lusa deve fazer “todos os esforços possíveis e necessários” para obrigar o ‘Estado-patrão’ a alcançar um acordo quanto aos aumentos salariais na empresa.
“Uma empresa como a Lusa, que é do setor empresarial do Estado, tutelada pelo Ministério da Cultura e também pelo Ministério das Finanças, acho que deve obrigar que o ‘Estado-patrão’ faça todos os esforços possíveis e necessários para que haja aqui um acordo”, disse o também deputado do Partido Socialista (PS).
Sérgio Monte fez hoje uma visita às instalações da Lusa, em Lisboa, no âmbito das Jornadas de Luta 2023, um dia depois do Dia do Trabalhador, tendo-se encontrado com delegados e representantes sindicais, trabalhadores e com o presidente do Conselho de Administração da agência de notícias.
“Por aquilo que me foi dito, quer pelos sindicatos, quer pela administração, já não estamos tão longe de chegar a um possível acordo. Os valores não estão muito longe desse acordo e, portanto, é preciso aqui um último esforço, quer da administração, quer também dos sindicatos, como é óbvio, e também da tutela, neste caso das Finanças e do Ministério da Cultura”, referiu.
Quanto à administração, Sérgio Monte diz que lhe cabe, também, “um trabalho sindical que tem de ser feito”.
“Esse trabalho sindical é num aspeto reivindicativo”, apontou, registando que esta tem de “reivindicar para que as Finanças também olhem para esta situação”.
“Estamos a falar de uma empresa com 250 trabalhadores, numa área fulcral, de notícias, já há tantos anos sem aumentos condignos. Acho que era a altura, agora, de haver um acordo que satisfizesse as partes”, instou o secretário-geral ajunto.
Enquanto visitava a redação, Sérgio Monte assinalou que as empresas do setor empresarial do Estado são, por vezes, tratadas “como públicas para umas coisas, e como privadas para outras”.
Questionado se as reivindicações dos trabalhadores da Lusa poderiam ser acedidas através do reestabelecimento da indemnização compensatória, reduzida desde a intervenção da ‘Troika’, o deputado do PS registou que não domina as condições do contrato da empresa com o Estado, mas que “poderá passar por aí”.
“Não sei qual é o valor da indemnização compensatória neste momento, mas obviamente que poderá passar por aí, porque a empresa tem que, obviamente, ter financiamento para conseguir levar a sua missão avante, mas esse financiamento também implica que tem que pagar salários condignos aos trabalhadores”, concluiu, remetendo para a Agenda do Trabalho Digno, que entrou em vigor na segunda-feira.
Os trabalhadores da Lusa fizeram quatro dias de greve em 30 e 31 de março e em 01 e 02 de abril, e decidiram, em 13 de abril, avançar para mais quatro dias de greve entre 09 e 12 de junho, e outros quatro dias, entre 03 e 06 de agosto, exigindo “aumentos salariais condignos”.
Num comunicado divulgado no final deste último plenário, os sindicatos dos Jornalistas (SJ), dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA) e dos Trabalhadores do Setor de Serviços (SITESE) recordaram que “os trabalhadores reivindicam um aumento de apenas 100 euros no salário base, para fazer face a 12 anos sem aumentos, ou seja, menos de 10 euros por cada um dos 12 anos”.
Os sindicatos salientaram que “cabe ao Governo intervir, já que o Estado detém a maioria do capital social da empresa”, e criticaram a posição da tutela.