É a previsão de quem conhece bem os corredores da política europeia, tendo deixado há poucos meses a pasta dos assuntos europeus no Governo português. Margarida Marques admite que este será o último mandato de Angela Merkel na chancelaria em Berlim e que nem sequer o vai completar.
"Ela não vai ficar quatro anos como chanceler. Não ficando, ela tem necessidade de se aproximar a alguma propostas europeias que já fizeram o seu caminho na União Europeia, como a transformação do Mecanismo Europeu de Estabilidade num Fundo Monetário Europeu. Estou também a falar de um ministro da Economia e das Finanças e de um "pequenino orçamento", para usar a expressão da senhora Merkel, para a zona euro", afirma Margarida Marques no programa Da Capa à Contracapa da Renascença, em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos.
A antiga governante, que debateu o tema com o economista Vitor Bento, defende que o futuro Fundo Monetário Europeu tem que ter competências que não sejam apenas financeiras e que assuma uma função estrutural no quadro da União Europeia.
"Há que saber se tem também competências - essa é também a perspectiva de Portugal - na promoção do investimento, na criação de um seguro de desemprego que se possa associar em momentos de crise aos mecanismos nacionais de desemprego", afirma a actual deputada do PS que advoga uma maior cooperação política na União para garantir melhor coesão neste espaço politico e económico.
Margarida Marques insiste no controlo democrático do futuro Fundo Monetário Europeu "para que as instituições democráticas, como o Parlamento Europeu, a Comissão ou como o Conselho, possam ter capacidade de acompanhar a gestão deste FME. Exactamente para evitar troikas com a configuração que nós tivemos".
O programa "Da Capa à Contracapa" é um programa da Renascença em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos para ouvir ao sábado às 9h30 ou em podcast em rr.sapo.pt