Na análise ao corte do Ministério das Finanças às contratações para os hospitais do Serviço Nacional de Saúde, numa espécie de regresso de cativações ao setor da Saúde, o comentador d’As Três da Manhã diz que “é embaraçoso que o Estado ande a cobrar tantos impostos aos portugueses”.
João Duque refere que “não há memória em Portugal de um ano, do ponto de vista orçamental e fiscal, estar a correr tão bem para quem arrecada impostos”, lembrando que “o melhor ano orçamental, que nós temos memória, é o de 2019 e, na altura, com contas fechadas de maio, nós tínhamos um défice de 600 e picos milhões, e agora, no mesmo período, estamos com excedente de mais de três mil milhões”.
“Não sei como é que vai acabar o ano, mas, se o Estado não gastar, arrisca acabar um ano com um recorde absoluto e um bocadinho embaraçoso. Porque, depois de criticar tanto os lucros excessivos de muitas empresas, nomeadamente a banca, etc., é embaraçoso que o Estado ande a cobrar tantos impostos aos portugueses, depois não retribuindo ou não expressando um fim muito objetivo”, atira.
O economista não entende, por exemplo, “porque é que há dinheiro para umas coisas e não há para outras”.
“Aumentam, por exemplo, pensões, mas não se acodem os serviços de Saúde e, portanto, não se consegue perceber”, sublinha.
Questionado sobre se o aparente silêncio do ministro da Saúde demostra falta de peso político, João Duque dá o benefício da dúvida.
“É possível que seja essa falta, mas ainda dou um benefício ao ministro da Saúde, por estar a tentar organizar o serviço de Saúde. Criou um género de CEO para a Saúde”, diz.
No entanto, o economista diz não compreender “como é que, perante este excedente, não se alivia a carga fiscal de uma forma efetiva para os portugueses”.
“Neste momento, o IRS, comparando com aquilo que foi 2019, mais que duplica. O IVA tem um crescimento absurdo, o IRC não se compara com 2019, portanto, nós estamos com uma arrecadação de impostos absolutamente extraordinária e podia ser feito alguma coisa, também para aliviar os bolsos de alguns portugueses”, completa.