Os candidatos presidenciais à esquerda, a bloquista Marisa Matias e o comunista João Ferreira, tiveram hoje um debate morno, sem “inventar diferenças”, mas com críticas em “português suave” por causa do Orçamento do Estado ou da resposta à pandemia.
O frente-a-frente na RTP1 começou os dois eurodeputados a concordar em questões laborais, sublinhando “os combates comuns”.
E, logo depois, marcava o relógio sete minutos de conversa, a candidata bloquista marcou uma diferença para João Ferreira, no dossier dos casamentos de pessoas do mesmo sexo, o fim das touradas ou ainda a despenalização das drogas leves.
Foi aí que João Ferreira respondeu que “existem diferenças, mas não vale a pena cavar diferenças onde elas não existem”, dado que o partido a que pertence, o PCP, apoiou a lei dos casamentos, por exemplo.
Onde os dois revelaram as tais “diferenças” relacionaram-se com o Orçamento do Estado de 2021, que o PCP ajudou a viabilizar com a abstenção, e contra o qual votou o Bloco de Esquerda.
Falava-se do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que ambos defenderam e Marisa Matias comentava “claro”, “de acordo”, quando João Ferreira afirmava o seu orgulho neste sistema que a bloquista definiu com “um dos pilares da democracia”.
Marisa Matias argumentou, sem dizer se se referia ao PCP, que “se a esquerda tivesse sido mais firme” poderia ter sido possível resolver “o problema das contratações dos médicos”.
O eurodeputado comunista argumentou que o orçamento, apesar das suas insuficiências, prevê investimentos importantes em pessoal e meios na saúde ou até em infraestruturas.
E garantiu que valoriza “muito os que não desistem a meio de um combate” e o resultado conseguido para o Orçamento de 2021.
Ao que jornalista, Carlos Daniel, perguntou se Ferreira estava a dizer, por outras palavras, o que disse o primeiro-ministro, António Costa, ao acusar de “pôr-se ao fresco” no dossiê orçamental, por ter votado contra.
“Não disse nada disso”, comentou o comunista.
“Também não gosto, tal como o João Ferreira, de quem desiste nem a meio nem no fim”, respondeu a bloquista.
Já no final do debate, e a propósito da resposta à pandemia de Covid-19 e face à iminência de um confinamento geral, a exemplo do que aconteceu em abril e maio de 2020, surgiu mais uma diferença.
Marisa Matias disse compreender “as insuficiências” apontadas pelos comunistas para justificar o seu voto contra a renovação do estado de emergência, mas também compreende que é necessário “reduzir os contágios”
“Não compreendo que se pode votar contra essas medidas e ao mesmo tempo se peça às pessoas para reduzir os seus contactos sociais”, comentou a eurodeputada bloquista.