A Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI) defende uma mudança de paradigma que torne as cidades amigas das crianças.
No Dia Nacional da Segurança Infantil, a APSI diz ser fundamental que os mais novos voltem a ter autonomia e possam regressar, em segurança, às ruas, algo que é essencial para o seu crescimento.
Em declarações à Renascença, a diretora de comunicação da APSI, Rosa Afonso, diz não ter dúvidas de que as cidades não estão preparadas para as crianças, dando o exemplo do "terror" que se passa à porta das escolas, "com carros estacionados em cima dos passeios, em cima de passadeiras e em segunda fila, ou a circularem com velocidade excessiva".
"Há aqui um paradigma que é que é preciso mudar. Nós não queremos cidades nem queremos espaço almofadados. Queremos espaços em que as crianças corram riscos aceitáveis, que são saudáveis para o seu desenvolvimento", em oposição a riscos excessivos, agravados e desnecessários, explica a responsável.
Para assinalar o Dia Nacional da Segurança Infantil, a APSI promove a ação "A Rua é Nossa", à qual aderiram várias escolas. Rosa Afonso diz ser preciso "reivindicar o espaço público a que as crianças têm direito e que está muito condicionado".
"Não apenas pelo ambiente rodoviário, que é inseguro em termos gerais, mas principalmente nas zonas em que elas se movimentam. E isso tem um grande impacto no seu desenvolvimento, quer físico, quer cognitivo, [porque] as crianças não se deslocam muito a pé, não usufruem dos espaços públicos."
Acidentes matam mais de 60 crianças por ano
Num relatório divulgado em 2022, a APSI concluiu que, só na última década, 66 crianças morreram por ano vítimas de acidentes. "É um número preocupante. São mais de 30 mil anos de vida que se perderam só na última década", diz Rosa Afonso.
"Os acidentes representam 12% das mortes de crianças e jovens e os acidentes rodoviários são a maior causa de morte, seguida pelos afogamentos. Portanto, há muito ainda por fazer", conclui.