O antigo diretor da Comissão Europeia das Energias Convencionais Pedro Sampaio Nunes considera que a suspensão do Nord Stream 2 "é um tiro no pé" por parte da Europa.
"Nós vamos precisar de gás natural. O maior fornecedor de gás natural, para além do norte de África, é a Rússia", explica, à Renascença.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse esta terça-feira que não é possível prosseguir com processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, devido ao agravar da tensão entre a Rússia e a Ucrânia.
"Sem essa certificação, o Nord Stream 2 não pode ser posto em funcionamento", referiu Scholz, durante um encontro com os jornalistas.
Pedro Sampaio Nunes aponta que esta situação "vai mexer com o preço da energia" em Portugal.
Segundo este especialistas, estas sanções também fazem sofrer a Rússia, por "criar um antagonismo com os seus principais clientes".
Mas nesta equação também há vencedores, como é o caso dos EUA, segundo refere Rui Cartaxo, antigo presidente da REN, à Renascença.
"Alguns fornecedores não se importam que a Alemanha importe menos gás da Rússia. Os Estados Unidos já são o segundo fornecedor de gás natural para Portugal e um fornecedor significativo para a Europa”, sublinha.
Além dos EUA, há outros países que podem ficar a ganhar com esta crise no Leste da Europa, por causa do aumento dos preços da energia.
“Alguns países que exportam gás natural liquefeito para terminais europeus, como o Qatar e outros países, com certeza que não se importam com esta crise porque vão ter mais mercado e ter possibilidade de ter preços muito interessantes”, afirma Rui Cartaxo.