Os sindicatos médicos decidiram esta terça-feira avançar para uma greve nacional nos dias 10 e 11 de Maio.
O anúncio foi feito em Lisboa no final de um encontro do Fórum Médico, estrutura que reúne as associações sindicais dos médicos e também outras associações médicas.
Os sindicatos estão contra a falta de concretização de medidas por parte do Governo e têm reclamado a reposição integral do pagamento das horas extraordinárias para todos os médicos.
Na segunda-feira, divulgaram uma carta ao ministro da Saúde na qual mostravam o desagradado pela proposta de calendário e temas de negociação entre Governo e estruturas sindicais.
“As promessas ministeriais continuam a não ter tradução em actos concretos e em medidas de solução dos problemas existentes. As reuniões ditas negociais não passam de simulacros e de passar o tempo", afirmam os dirigentes do Sindicato Independente dos Médicos e da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), numa nota divulgada aos jornalistas no final do encontro.
Negociações inconsequentes
O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Roque da Cunha, lamentou que, em mais de um ano de reuniões, as negociações com o Governo tenham sido até agora inconsequentes.
“As razões têm a ver com o não cumprimento de um conjunto de promessas estabelecido e fundamentalmente com a defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos seus profissionais”, disse em declarações aos jornalistas.
Também o presidente da FNAM, Mário Jorge Neves, disse que as sucessivas reuniões entre sindicatos e Governo não se têm traduzido em nada de palpável, considerando que os médicos foram empurrados para a greve.
“Estamos todos os dias a assistir à degradação acentuada das condições de trabalho, à degradação da capacidade de resposta de um serviço público de saúde. Perante esta situação e uma ausência de resultados concretos na negociação, os sindicatos médicos foram obrigados, pelo comportamento do Ministério da Saúde, a recorrer a uma forma de luta como é a greve”, afirmou Mário Jorge Neves aos jornalistas.
O dirigente da FNAM avisa que os médicos avançarão mesmo para a greve, fazendo-o de modo responsável, com cumprimento de serviços mínimos.
“Os problemas graves com que o SNS está confrontado resolvem-se de muitas maneiras mas não se resolvem com propaganda”, vincou ainda Mário Jorge Neves.
Relativamente à reposição do pagamento das horas extraordinárias, o secretário-geral do SIM diz que se trata de acabar com uma discriminação contra os médicos, uma vez que desde 1 de Janeiro que todos os outros funcionários das entidades públicas empresariais (como os hospitais EPE) têm o pagamento reposto a 100%.
Os médicos estão a receber apenas 50% pelas horas extra que realizam desde 2012 e tinham a expectativa de ver reposto o pagamento integral este ano.
Roque da Cunha sublinha, contudo, que a questão das horas extra é apenas um dos muitos motivos que levam os profissionais à greve, invocando a degradação da qualidade do SNS ou a necessidade de contratação de mais profissionais.