O primeiro-ministro, António Costa, disse, esta quarta-feira, que o Governo detectou "discrepâncias significativas" nas transferências para paraísos fiscais ("offshore"'), e garantiu que o executivo adoptou "normas" e "acordos" para controlar situações como esta.
"Em 2015, o Governo ordenou que fosse verificado o que tinha acontecido quanto ao registo das operações entre 2011 e 2015 de transferências para ‘offshore'", sublinhou o chefe do Governo, falando no debate quinzenal na Assembleia da República e respondendo a questões da coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins.
O executivo, concretizou Costa, verificou "discrepâncias significativas" em 20 operações feitas sem o tratamento da Autoridade Tributária, num montante de cerca de dez mil milhões de euros.
O jornal Público noticiou, na terça-feira, que quase dez mil milhões de euros em transferências realizadas entre 2011 e 2014 para contas sediadas em paraísos fiscais não foram nesse período alvo de qualquer tratamento por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira, embora tenham sido comunicadas pelos bancos à administração fiscal, como a lei obriga.
"O governo anterior deixou sair pela porta do cavalo dez mil milhões de euros. É um número nada pequeno, é mais do que gastamos com o Serviço Nacional de Saúde", disse por seu turno a bloquista Catarina Martins.