O líder socialista bem queria mostrar as vantagens do novo passe social único, entrou no autocarro na paragem do Barreiro, mesmo em frente à secção local do PS, levou o estado-maior socialista atrás, candidatos a deputados, mas não se livrou de, em pleno comboio, ter de responder sobre a polémica do momento com Catarina Martins.
Doze horas depois do debate na televisão que dividiu António Costa e a líder do Bloco de Esquerda sobre as conversas que tiveram ou não a 4 de outubro de 2015 para encontrar a actual solução parlamentar, o secretário-geral socialista ficou visivelmente incomodado com as perguntas dos jornalistas no comboio, em Coina, e, depois, na estação do Pragal.
Então, Catarina Martins tem ou não razão sobre essas conversas? Entre risos, Costa lá respondeu aos jornalistas que tem "por hábito nunca falar em público das reuniões que não acontecem e que acontecem e não são públicas", dando a entender que a tal reunião pode nem ter acontecido.
"Não confirmo, nem desminto", disse, rematando que não quer "dar troco". "Está encerrado esse assunto."
Quando chegou à estação ferroviária do Pragal - onde ainda se ouviram passageiros a gritarem à porta da composição de onde saiu o primeiro-ministro um "vamos embora", devido ao compasso de espera para que toda a comitiva socialista saísse -, António Costa foi de novo confrontado com a questão à volta da líder do Bloco de Esquerda.
Aos jornalistas referiu que não vai "alimentar mais essa polémica, a fase dos debates acabou, agora a campanha concentra-se no diálogo directo com os portugueses e sobre os assuntos que interessam aos portugueses", ou seja, como "melhorar o Serviço Nacional de Saúde, a escola pública, como responder às necessidades de habitação a custo acessível e melhorar os transportes públicos".
Era, de resto, o balanço sobre o novo passe social único que o secretário-geral queria fazer com os jornalistas atrás. Porque o investimento no transporte público "é muito compensador até do ponto de vista social".
Aqui referiu o caso de uma pessoa que encontrou no autocarro do Barreiro "e que tem os pais em Almada, e anteriormente por causa do custo do passe ia de barco até Lisboa, ia até à Praça de Espanha e apanhava a camioneta para voltar para trás para chegar a Almada", agora, "pode apanhar autocarro até Almada e o metro sul do Tejo".
A acompanhar Costa nesta iniciativa estava um verdadeiro estado-maior socialista, com a presença da secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, o irmão desta, o secretário de estado dos Assuntos Fiscais, António Mendes e o das finançlas, Mourinho Félix e ainda o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, todos eles candidatos a deputados à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Setúbal.
A primeira acção de campanha oficial do líder do PS arrancou no distrito de Setúbal, não há mais nada previsto na agenda de Costa até à noite desta terça-feira com o comício de arranque da caravana que vai decorrer no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa.