O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, afirmou esta sexta-feira que a emissão de gases poluentes resultante do futuro aeroporto complementar do Montijo não porá em causa o cumprimento do Roteiro para a Neutralidade Carbónica.
"Portugal foi o primeiro país do mundo a afirmar-se neutro em carbono em 2050 e vai sê-lo (...). Hoje, temos cerca de 65 milhões de toneladas de CO2 [dióxido de carbono] em emissões, não podemos chegar a 2050 com mais de 13 milhões. É uma redução, de facto, muito expressiva. E nesses 13 milhões de toneladas de CO2 estão contempladas as emissões do tráfego aéreo e da aviação", referiu João Pedro Matos Fernandes, em Guimarães, distrito de Braga.
O ministro do Ambiente e da Ação Climática admitiu até que aquele roteiro poderá ser "conservador", face àquilo que "podem vir a ser as evoluções tecnológicas nos transportes marítimo e aéreo", e consequente substituição do combustível.
O governante lembrou que, por exemplo, a Airbus, em 2021, já vai ter um protótipo de um avião híbrido e que "quererá" que em ele já esteja em funcionamento comercial.
"Quero até acreditar que as perspetivas do roteiro [para a neutralidade carbónica] são conservadoras, em face do que virão a ser as emissões provenientes do transporte aéreo", referiu.
O governante reagia, assim, à notícia do "Público" que dá conta de que um grupo de cientistas considera que o estudo de impacto ambiental do aeroporto complementar do Montijo, no distrito de Setúbal, contempla apenas "uma parte residual" das emissões de gases poluentes que serão geradas.
Segundo aqueles cientistas, o estudo "só contempla as emissões terrestres, ou seja, as emissões da infraestrutura aeroportuária, do tráfego rodoviário e fluvial de e para o aeroporto, e das emissões das aeronaves na descolagem e aterragem", ficando de fora "as emissões de gases de efeito de estufa produzidas na fase de cruzeiro, que são o grosso das emissões".
Os cientistas consideram que, dessa forma, fica comprometido o cumprimento do Roteiro para a Neutralidade Carbónica.
Ainda sobre o aeroporto do Montijo, e o eventual risco de ficar imerso com a subida do nível das águas do mar, Matos Fernandes assegurou que o problema "não se colocará".
"O projeto-base tem, sem qualquer afetação maior de terreno, um projeto de subida do nível da plataforma atual em cinco metros e, portanto, o problema não se colocará na prática", garantiu.
O ministro sublinhou ainda que "há sítios muitíssimo mais frágeis e sensíveis" ao avanço do mar do que o local onde se localiza o aeroporto do Montijo.
Matos Fernandes falava no final da 7.ª Conferência do Diálogo de Alto Nível da Plataforma China-Europa para a Água, em que participaram também o ministro dos Recursos Hídricos da China, E. Jingping, e a vice-ministra da Agricultura e da Floresta da Finlândia, Janna Huso-Kallio, entre outros.
A Plataforma China-Europa para a Água foi estabelecida em março de 2012, em Marselha, França, e tem por objetivo promover a cooperação e o diálogo político, empresarial e científico entre os Estados-membros da União Europeia e a China em matéria de gestão de recursos hídricos.
Portugal é membro da plataforma desde a sua génese e entre 2020 e 2021 assumirá o secretariado europeu da mesma, sucedendo à Finlândia.