A organização não-governamental Save the Children, disse esta terça-feira que “pelo menos 498 crianças e provavelmente centenas de outras morreram de fome nos quatro meses de guerra no Sudão”.
“Nunca pensámos que veríamos tantas crianças a passar fome no Sudão, mas isto tornou-se agora uma realidade. Crianças gravemente doentes chegam aos braços de mães e pais desesperados em centros de alimentação em todo o país e os nossos funcionários têm poucas opções disponíveis para tratá-las. Vemos crianças morrendo de fome evitável”, disse Arif Noor, diretor da Save the Children no Sudão, citado pela agência SIR.
“O saque dos armazéns das Nações Unidas, o incêndio da fábrica de alimentos terapêuticos e a falta de fundos prejudicaram o fornecimento de produtos nutricionais terapêuticos em todo o país. Os nossos apelos parecem cair em ouvidos surdos. Os apelos de financiamento para o Sudão continuam a ser financiados apenas em 27% e os parceiros no Sudão ainda não conseguem aceder aos tão necessários fundos”, lamenta a organização.
No comunicado divulgado esta terça-feira, a organização não-governamental diz ainda que desde o início da violência, em abril, foi forçada a encerrar 57 das suas instalações de alimentação, com 31 mil crianças em todo o país impossibilitadas de receber tratamento para a desnutrição e doenças relacionadas.
“Nas 108 estruturas da Save the Children ainda ativas, os stocks de alimentos terapêuticos estão a esgotar-se e os stocks reguladores, ou suprimentos de emergência, são agora utilizados nos casos mais extremos”, lê-se no documento.
Desde 15 de abril, os militares do exército e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) estão envolvidos em combates pelo controlo do país, num dos piores conflitos da história recente do Sudão, que causou entre 1.000 e 3.000 mortos, segundo diferentes estimativas, e obrigou mais de 4,5 milhões de pessoas a deslocarem-se para dentro e para fora do país.