A Presidente do Kosovo advertiu que o líder russo, Vladimir Putin, procurará utilizar a Sérvia para destabilizar os Balcãs e toda a Europa Ocidental, num ataque aos valores democráticos da União Europeia (UE).
“Putin vai sem dúvida tentar usar a Sérvia para destabilizar a nossa região, porque através da nossa região quer chegar à Europa”, disse Vjosa Osmani , numa entrevista à agência espanhola EFE.
O Kosovo tornou-se independente em 2008, após uma década sob a administração da ONU na sequência da intervenção da NATO contra a Sérvia, que reprimiu a população kosovar de origem albanesa durante o regime do Presidente autoritário Sloboban Milosevic.
Esta intervenção da NATO, sem a aprovação do Conselho de Segurança da ONU, tem sido usada pela Rússia para justificar a invasão da Ucrânia para “desmilitarizar e ‘desnazificar’” o país vizinho, que acusa de levar a cabo o genocídio da população de língua russa.
Osmani descreveu a comparação russa como mera propaganda e recordou que cerca de 13.000 pessoas foram mortas no Kosovo antes da intervenção da NATO, tendo a maioria da população sido deslocada pela ameaça de limpeza étnica.
“Se há algo a comparar nestas duas guerras, é a atuação de Milosevic com a de Putin”, disse Osmani, 39 anos, Presidente do Kosovo desde 2021.
Recordou que Milosevic ficou conhecido como o “carniceiro dos Balcãs” para considerar que “Putin é agora o carniceiro da democracia” na Europa, acusando o líder russo de querer não só dominar a Ucrânia, mas também destruir o modo de vida democrático dos europeus.
A Presidente do Kosovo disse estar alarmada com o possível aumento das tensões nos Balcãs, onde a Sérvia é um aliado russo.
“Estamos bastante preocupados que a Sérvia tenha aumentado a quantidade de armas que está a comprar e isto mostra as suas intenções na região”, disse, referindo-se à recente entrega a Belgrado de um sistema antiaéreo chinês.
A Sérvia, a vizinha Bósnia-Herzegovina e o Kosovo são os únicos países da região que não fazem parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
Cerca de 4.000 tropas da NATO e da UE estão no Kosovo para garantir a segurança, embora o pequeno país, com menos de dois milhões de habitantes, espere aderir à Aliança Atlântica em breve.