Os muitos resistentes ao controlo político de Hong Kong pela China manifestaram esperança de que o G20, que reuniu no Japão neste fim de semana, lhes desse alguma ajuda. Mas o assunto, que se saiba, não foi sequer abordado, numa reunião onde a participação do presidente Xi Jinping terá sido decisiva.
Depois de conversar com o presidente chinês, Trump retomou as negociações comerciais com a China e permitiu que empresas americanas vendessem peças e componentes à Huawei. E Xi Xinping não foi certamente alheio à ida de Trump à Coreia do Norte, para relançar as negociações com vista a desnuclearizar a península coreana.
São boas notícias, embora não definitivas. Mas o problema de Hong Kong e o que ele significa para Taiwan e Macau mantém-se. As enormes manifestações em Hong Kong contra uma lei que permitiria enviar suspeitos para o pouco fiável sistema judicial chinês obrigaram Xi a um recuo: a lei foi suspensa. Não chega para os pró-democratas de Hong Kong, que querem a lei eliminada.
Quando Hong Kong passou para a administração chinesa, dois anos antes de Macau, Pequim prometeu respeitar ali liberdades e direitos que não existem na China, até 2047. Era o regime de “um país, dois sistemas”, também aplicado a Taiwan (Formosa), sem data de termo, e até 2049 a Macau.
O que está acontecer em Hong Kong retira, na prática, muito do que fora prometido por Pequim. Só que a população daquela “região especial” não aceita perder, tão cedo, a democracia limitada prevista. Mas os fortes instintos autoritários e centralizadores de Xi Jinping não auguram que tais liberdades sejam permitidas durante muito mais tempo.
Em relação a Taiwan a questão é mais complicada, pois vivem lá 24 milhões de pessoas, numa democracia liberal que funciona e que é militarmente protegida pelos EUA.
Já quanto a Macau, também ali Xi Jinping está a reduzir direitos e liberdades, contrariando o acordo luso-chinês assinado em 1987. Mas não se ouvem queixas nem protestos da população local, onde se contam 170 mil portugueses. Nem qualquer reparo, pelo menos público, da parte do Governo português.
Talvez seja a diferença de Hong Kong ter sido longas décadas administrado por um país de sólidas tradições democráticas, o Reino Unido, enquanto Macau o foi por uma ditadura portuguesa até 1974.