O autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, aterrou esta segunda-feira no aeroporto de Caracas (a aguardá-lo tinha diversos embaixadores de países da União Europeia) após ter anunciado que pretendia voltar ao país, onde enfrenta ameaça de represália pelo Governo de Nicolás Maduro.
A notícia da chegada de Guaidó à Venezuela foi avançada pela Reuters por volta das 16h30, hora de Lisboa. A agência cita imagens de estações de televisão locais, que mostram Guaidó a aterrar em Caracas depois de um périplo por capitais da América Latina.
A informação foi entretanto confirmada pelo próprio Guaidó no Twitter.
"Entrámos na Venezuela como cidadãos livres, que ninguém diga o contrário. Já estou a sentir em mim o sol de Guaira, o ânimo do povo que nos espera aqui", escreveu o líder do partido da oposição Vontade Popular e presidente da Assembleia Nacional, em referência à localidade de Guaira, de onde é natural.
Vários milhares de apoiantes do líder da oposição concentraram-se, durante a tarde (manhã na Venezuela) desta segunda-feira, em Las Mercedes, no leste de Caracas, atendendo, desta forma, a um pedido do próprio Juan Guaidó.
Os Estados Unidos e a União Europeia, cuja maioria dos Estados-membros já reconheceu a liderança interina de Guaidó, já avisaram que vão responder a qualquer tentativa de detenção do líder da oposição.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.