A associação que representa os lares privados reclama mais atividade inspetiva à Segurança Social para detetar situações de crime.
É a resposta aos dados avançados esta quarta-feira pelo jornal Público, que indicam que nos primeiros oito meses do ano, o Ministério Público abriu 219 inquéritos por suspeitas de maus-tratos em lares de idosos.
Considerando os processos que transitaram de 2023, há, nesta altura, 318 investigações em curso.
“Uma coisa são os lares ilegais, que não são necessariamente sinónimo de maus-tratos, porque há muitos lares que são ilegais porque não têm licença da Segurança Social, mas que funcionam minimamente bem no cuidado aos idosos”, refere à Renascença João Ferreira de Almeida, presidente da Associação de Lares de Idosos.
Coisa diferente, diz, são os lares clandestinos, “onde o panorama é francamente pior e passa muito despercebido”.
É, sobretudo, para essas situações que este responsável pede mais atenção por parte da Segurança Social.
“Há um défice muito grande de atividade inspetiva da Segurança Social sobre o alvo principal, que são os lares ilegais ou clandestinos, porque é onde o problema maioritariamente existe”, acrescenta Ferreira de Almeida.
Surto de queixas “por dá cá aquela palha”
Perante os números hoje conhecidos, o presidente da União das Misericórdias reconhece que “são muito preocupantes”, mas alerta para que diz ser um “surto de denúncias por dá cá aquela palha”.
“Por exemplo, o funcionário que não foi aumentado e faz queixa”, exemplifica Manuel Lemos.
“Estou-me a lembrar de um lar em que eu próprio recebi uma queixa com uma fotografia de um teto e dizia-se que o teto estava a cair em cima dos utentes. Era uma sala que já estava fechada há mais de um ano e nunca tinha caído nada”, acrescenta.
Seja como for, Manuel Lemos defende que todos estes processos devem ser céleres na sua resolução. “E eu acredito que o Ministério Público vai ser rápido a fazê-lo”.