Pároco de S. Vivente de Pereira e S. João de Ovar, Vítor Pacheco convive todos os dias com os obstáculos criados pela necessidade de isolamento social que vai deixando “marcas profundas no quotidiano” dos habitantes locais.
Mas, às dificuldades juntam-se oportunidades de “belos gestos de solidariedade e fraternidade”, que “fazem aumentar a esperança”, diz.
É por isso que o sacerdote começa por deixar “uma mensagem de esperança a todos” – porque “Cristo está presente no meio de nós”, para “nos ajudar a atravessar este momento duro, este momento de prova, este momento difícil”. E porque “quando as provas são exigentes é também quando tiramos de nós o melhor, o melhor que há em nós”.
Manter a esperança é decisivo para um povo que nem pode despedir-se dos seus entes falecidos. O padre Vítor Pacheco relata “uma angústia muito grande, um medo muito grande” provocados pela impossibilidade física de “estarmos com as pessoas”, a que acresce a tristeza de ter de celebrar “funerais praticamente sem famílias, que não podem fazer o último adeus”.
“Isto evidentemente que deixa uma marca trágica nas pessoas”, refere o sacerdote que remete para “a palavra do Senhor Jesus, uma palavra de consolo, de proximidade”.
Depois da surpresa, as pessoas foram-se adaptando ao isolamento. O contacto com os paroquianos vai sendo feito através das redes sociais e do telefone, mas “há sempre uma franja dos fiéis que não utiliza as redes sociais”, lembra.
Os quatro sacerdotes da região pastoral de Ovar irão juntar-se para celebrarem em conjunto a Semana Santa e o Domingo da Ressurreição. As celebrações têm transmissão assegurada através das redes sociais.
Como sacerdote, o padre Vítor Pacheco acredita “viver um tempo de oportunidade para refletir naquilo que é essencial na vocação e na missão”. Para si, este “é um tempo de recolhimento, de reflexão”.