A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, criticou esta sexta-feira a postura do ministro da Administração Interna em relação ao acidente envolvendo a viatura onde seguia que vitimou uma pessoa, e defendeu a sua substituição, juntamente com outros ministros.
"Um acidente pode infelizmente acontecer, ninguém está livre que isso aconteça, mas a forma como se gere esse acidente é que faz toda a diferença", disse a líder do Pessoas-Animais-Natureza em entrevista à Lusa, que será divulgada no domingo.
A porta-voz do PAN referia-se ao atropelamento mortal de um trabalhador na A6, no dia 18 de junho, pelo carro que transportava o governante.
Inês Sousa Real ressalvou que o "processo não é fácil, até pessoalmente, para quem quer que seja que esteja a viver esta situação", mas defendeu que "caberia de facto a Eduardo Cabrita ter a primeira palavra para com a família, de pesar por tudo o que aconteceu, e de que tudo faria para que não houvesse qualquer ingerência na investigação nem no processo depois inerente a toda esta situação".
A líder do PAN criticou também o comunicado emitido pelo Ministério da Administração Interna no dia seguinte ao acidente, no qual era referido que os trabalhos que decorriam naquela autoestrada na altura do acidente não estavam sinalizados e o veículo que transportava o ministro "não sofreu qualquer despiste" e que o trabalhador atravessou a estrada.
"Parece-nos que o comunicado deveria ter sido focado naquilo que era o lamentar, o pesar à família e aquilo que aconteceu, e não entrar em pormenores que claramente visam mais do que sacudir a água do capote, o que nos parece manifestamente infeliz e irresponsável neste contexto", concretizou.
Na ótica de Inês Sousa Real, o comunicado "mais parecia que queria fazer um ponto final no assunto e seguir em frente, mas infelizmente o que aconteceu foi demasiado grave, perdeu-se uma vida humana, e, portanto, tem que haver não só o escrutínio e o apuramento de responsabilidades em relação ao que aconteceu, mas acima de tudo um assumir de responsabilidades e de lamentar aquilo que aconteceu".
A deputada indicou igualmente que as várias polémicas em torno da Administração Interna demonstram que "há aqui um desgaste e que há muito que António Costa deveria ter dispensado Eduardo Cabrita", ou "o próprio já se devia ter demitido do Governo", porque "já está fragilizado há muito tempo".
Além da saída do ministro da Administração Interna, o PAN defende que "terá de haver uma reestruturação neste Governo, que não se esgota em Eduardo Cabrita mas sim noutras pastas ministeriais que têm estado aquém daquilo que seria esperado".
"E basta pensarmos nos fenómenos da corrupção e a própria tutela da justiça não tem dado uma resposta eficaz a esta matéria, o ministro do Ambiente tem-se demitido daquilo que é chamar a si as responsabilidades em matéria ambiental e quase que parece que veste as vestes do ministro da Economia, demitindo-se de facto aquilo que teria de ser também o seu papel, que é contribuir para o processo de proteção dos habitats e dos ecossistemas", frisou.
Também a atuação da ministra da Agricultura não agrada ao PAN: "Temos uma ministra da Agricultura que se tem demitido constantemente daquilo que são as suas competências e que tem continuado intocável", o que é "incompreensível".
"Há uma reestruturação mais profunda que tem que acontecer. É evidente que ela tem que ser feita num tempo em que não ponha em causa a gestão da pandemia, acima de tudo, mas não poderá é estar condicionada por processos ou intenções eleitorais porque isso seria de facto um erro crasso, seria pôr os interesses eleitorais à frente dos interesses do país", salientou ainda Inês Sousa Real.