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O cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, conta com apoio oficial para organizar a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2022.
Em entrevista à Renascença, a primeira desde o anúncio de que Lisboa vai organizar a próxima JMJ, o também presidente da Conferência Episcopal diz que Governo e autarquias manifestaram “a maior abertura” em receber o evento em Portugal e defende que os jovens assumam o papel de protagonistas.
Como olha para o desafio de receber a próxima Jornada Mundial da Juventude em 2022? É um momento de revitalização da Igreja?
Sim. O nosso grande desafio é levarmos a sério o que se disse no último Sínodo dos Bispos, ou seja, que os jovens sejam os protagonistas do futuro da Igreja. Eles não apenas destinatários da ação da Igreja, como se fossemos nós os mais velhos a ter que fazer tudo. Não é assim. Propõe é dar protagonismo em que os próprios jovens levem por diante aquilo que nós, quando fomos jovens, também levámos por diante. Esse é que é o nosso grande desafio. Agora, a preparação e depois a realização da Jornada Mundial da Juventude de 2022 é uma receção ativa e criativa dessa proposta de protagonismo juvenil na Igreja que o Sínodo dos Bispos nos confiou.
Nessa ação para chamar os jovens, quais são os argumentos?
É levarmos a sério e com bastante incidência da nossa parte aquilo que já está a acontecer em Portugal. Estas jornadas são a feliz concretização de um sonho de há muito tempo das dioceses, da Conferência Episcopal Portuguesa. Quantas vezes falámos disso, como seria bom realizarmos umas jornadas em Portugal se o Papa nos confiasse.
Nos últimos anos, várias realidades juvenis católicas têm demonstrado grande vitalidade. Neste momento, em Portugal, estão milhares de jovens universitários católicos espalhados por paróquias de Norte a Sul do nosso país. E só não são mais porque não há capacidade logística para os receber. Mas essa vitalidade manifesta-se também em muitas ações de voluntariado, concretamente em organização de campos de férias para gente que, se não fossem eles, não os teriam; noutras ações em paróquias e noutras realidades.
Ou seja, há uma movimentação juvenil católica em Portugal para a qual nem toda a gente está atenta, mas que é uma realidade, é um facto, e é também daí que vem muita vontade para estas jornadas se organizarem. Quando eu, há cerca de um ano, pedi ao Papa Francisco em nome dos meus colegas bispos de Portugal a realização das jornadas no nosso país, também foi muito especialmente para corresponder ao insistente apelo dessas realidades juvenis católicas que em Portugal estão a criar futuro.
A JMJ 2022 será um desafio logístico e da organização. Está confiante no apoio ao nível do Estado e das autarquias?
Não podia ser de outra maneira. Foi-nos comunicado por Roma, quando apresentámos a candidatura, que perguntássemos às autoridades públicas se havia a possibilidade de organizar algo deste género no nosso país, e concretamente em Lisboa, porque isto é uma realidade multitudinária.
Nós podemos ter muito mais de um milhão, até talvez dois milhões de jovens, não só durante semana das Jornadas, mas começando a chegar antes para várias atividades em todo o país. Se isto é assim, para um país como o nosso, com 10 milhões de habitantes, e com as capacidades que temos, é uma realidade de Igreja, com certeza, mas é uma realidade social fortíssima e foi assim atendida por todos os organismos oficiais com quem eu contactei e nos quais encontrei a maior abertura.
Trata-se de realizar em Portugal algo de completamente inédito. Deste tamanho, com esta quantidade e com esta qualidade, nós nunca tivemos uma coisa assim. Daí que, com certeza, os nossos responsáveis políticos e administrativos, e atendendo também à projeção que isto dá de Portugal no mundo, no setor juvenil, disseram que sim. Por isso, deram a sua colaboração, para já, de disposição, e com certeza depois na prática”.