A transição na Câmara Municipal de Lisboa já está marcada: Carlos Moedas toma posse como novo presidente no dia 18, às 17 horas. Mas esta terça-feira já estará presente na cerimónia que tradicionalmente decorre nos Paços do Concelho para assinalar o aniversário da implantação da República.
A cerimónia deste ano será, por isso, inédita, uma vez que junta dois presidentes da câmara: o que está em funções e o presidente eleito. Durante anos, as eleições autárquicas decorreram em dezembro e a posse em janeiro e, desde que são em setembro/outubro, não tem havido uma sucessão eleitoral.
A sessão deste ano será, certamente, marcada pela despedida de Fernando Medina, que perdeu a câmara nas eleições de 26 de setembro de forma inesperada. Na noite eleitoral o ainda presidente da câmara assumiu a sua própria surpresa com uma derrota que considerou só sua responsabilidade.
Medina ainda não anunciou o que vai fazer depois de deixar a presidência da Câmara, nomeadamente se fica ou não como vereador da oposição. Na noite eleitoral, reconheceu que nem sequer tinha pensado na hipótese de não continuar como presidente da câmara da capital, um lugar que lhe dava também a liderança da Área Metropolitana de Lisboa.
Para já está a tratar da transição de poder e de ambos os lados garantem à Renascença que esse processo está a decorrer de forma irrepreensível.
Do lado de Carlos Moedas, a estratégia é também dizer que, neste caso, a vitória se deve sobretudo ao candidato e começam a ser lançadas as pontes para um diálogo com a maioria de esquerda, colocando no PS e no PCP a responsabilidade por não bloquear o executivo e permitir que a autarquia seja governável.
Esta terça-feira, o presidente eleito vai estar na Câmara, mas ainda não vai tomar a palavra numa cerimónia em que marca também o regresso a alguma normalidade depois de dois anos em que não decorreu nos moldes habituais.
Em 2019, devido a coincidir com o dia de reflexão eleitoral para as legislativas, a data foi assinalada de forma simbólica, sem discursos. No ano passado, voltou a ter discursos, mas muito poucos convidados, devido às restrições anti-Covid.