A Comissão de Trabalhadores (CT) da TAP espera que a reestruturação, assessorada pelo Boston Consulting Group (BCG), aposte no desenvolvimento do negócio e não numa “TAPzinha low cost”.
“Ainda temos muito presente o famigerado projecto RISE, feito pela mesma consultora a pedido do Sr. Neeleman [ex-acionista], e do qual o conhecimento que tivemos não foi por vias oficiais, mais era um projeto que em nada servia os interesses da TAP, mas sim interesses a ela alheios, preconizando uma Tapzinha low cost ao serviço de terceiros”, defendeu a CT, em comunicado.
A estrutura representativa dos trabalhadores da companhia aérea reuniu-se com representantes da BCG na sexta-feira, para discutir o projeto de reestruturação a que a TAP vai ser sujeita e terá que apresentar à Comissão Europeia.
A consultora escolhida para assessorar esta reestruturação garantiu que o objetivo é “demonstrar a viabilidade da empresa” e garantir que se terá “a melhor TAP possível”.
No entanto, a CT diz ter ainda na memória o projeto da mesma consultora, de 2016, muito contestado pelos representantes dos trabalhadores.
"Esperamos que a história não se repita e que, efetivamente, este seja um projeto que tenha no seu horizonte a viabilidade e desenvolvimento do negócio da TAP em todas as suas vertentes por forma a que a empresa continue a ser um garante da soberania, coesão e economia nacionais. Garante do futuro de todos os que nela trabalham, sublinhou a CT.
Neste sentido, a comissão defende que “todos os trabalhadores são necessários”, e deixou claro, na reunião com o BCG, que não concorda com despedimentos.
“Se necessidade houver de redução de trabalhadores, então que se opte como já tem acontecido no passado por reformas antecipadas, pré-reformas e rescisões amigáveis, no entanto alertámos que uma vez que se pretende a retoma da operação, então temos que manter todos os trabalhadores na esfera da empresa pois todos serão necessários”, acrescentou.
A CT considerou ainda que deve investir-se em equipamentos e instalações e garantir a ligação às comunidades portuguesas no estrangeiro, com uma operação mais abrangente nos continentes africano e americano, “mercados que muito contribuem para a receita da empresa”.
O Conselho de Ministros aprovou em 17 de julho a concessão de um empréstimo de até 1.200 milhões de euros à TAP, em conformidade com a decisão da Comissão Europeia.
Desta forma, o Estado Português passa a deter uma participação social total de 72,5% e os correspondentes direitos económicos na TAP SGPS, pelo montante de 55 milhões de euros.