Na passada semana, a revista Forbes publicou o ansiado ranking “50 over 50”, no qual destaca as 50 mulheres mais poderosas com mais de 50 anos. É com muito orgulho que partilho que há uma portuguesa nesta lista: Isabel Capeloa Gil, reitora da Universidade Católica Portuguesa. Na verdade, Isabel Capeloa Gil não é apenas reitora da Universidade Católica. É também a primeira mulher presidente da Federação Internacional das Universidades Católicas e administradora não executiva da Fundação Calouste Gulbenkian.
A par deste ranking, a Forbes publicou também a lista das 100 mulheres mais poderosas do mundo, cujo primeiro lugar é ocupado por Úrsula Von der Leyen, seguida por Christine Lagarde e Kamala Harris. Estas três mulheres têm mais de 50 anos. Aliás, as primeiras duas têm até mais de 60. Ao analisar a lista em detalhe, é possível notar que 80% das mulheres têm mais de 50 anos e 50% tem mais de 60.
Em Portugal, se considerarmos a lista das 25 mulheres mais influentes, publicada pela revista Executiva, 68% são mulheres com mais de 50 anos, com Cláudia Azevedo, Mariana Vieira da Silva e Maria João Pires nas três primeiras posições. Duas destas mulheres têm mais 50 anos das quais uma tem, aliás, mais de 75.
Pensar nas mulheres com mais de 50 anos como sendo muito poderosas está longe das estórias contadas às crianças, das estórias que vemos nos filmes. Mesmo assim, não era difícil prever esta tendência. Nos últimos 60 anos, verificou-se uma onda de educação e independência feminina que, gradualmente, possibilitou às mulheres ascenderem às posições de poder.
No caso dos homens, é verdade que também a maioria das posições de poder é ocupada por pessoas acima dos 50 anos. No entanto, não nos podemos esquecer de que as carreiras das mulheres sempre foram menos lineares, visto que tiveram de conciliar o seu trabalho com o apoio à família. E em pleno século XXI, numa altura em que o aumento da esperança média de vida resulta em carreiras mais longas e a natalidade se mantém baixa, vai haver cada vez mais espaço para as mulheres com mais de 50 anos no mercado de trabalho.
Mesmo perante esta realidade, as empresas continuam a adotar uma perspetiva idadista. Contudo, vão ter de repensar a sua gestão de colaboradores, particularmente no caso das mulheres. Muitas investiram as primeiras décadas da sua carreira nas suas famílias, porém, quando chegam aos 50 anos, têm muita experiência acumulada, mais disponibilidade – já que os filhos saem de casa para estudar – e vontade de aproveitar, quiçá de acelerar, as próximas duas décadas da sua vida profissional.
Este é o tempo das mulheres poderosas com mais de 50 anos. É uma tendência da sociedade contemporânea que se irá continuar a desenvolver. Tem implicações para as empresas, por exemplo, em termos da gestão do seu talento, mas também do conhecimento do seu mercado. O segmento das mulheres com mais de 50 anos já não está repleto de donas de casa, que passa a tarde em frente à televisão. Este é um segmento de profissionais altamente educadas, com um grande poder de decisão e de compra. No que concerne a gestão de carreira, as empresas devem aproveitar esta fonte de talento única, disponível para acelerar o seu desempenho.
Quero encorajar as empresas a abraçar esta tendência. Acima de tudo, quero apelar às mulheres à minha volta, nomeadamente as minhas filhas e as minhas alunas, que olhem para "role models", como a Isabel Capeloa Gil, de 58 anos, como uma inspiração. Que seja, pelo menos, a prova de que não é preciso sentir que se tem de fazer tudo nos 30.
Céline Abecassis-Moedas, diretora da Formação de Executivos da Católica Lisbon Business School & Economics
Este espaço de opinião é uma colaboração entre a Renascença e a Católica Lisbon School of Business and Economics