EUA. Falha em porta automática pode ter potenciado tragédia que matou 17 pessoas
11-01-2022 - 08:10
 • Reuters com redação

Na origem do incêndio no prédio do Bronx, em Nova Iorque, segundo as primeiras investigações das autoridades, poderá estar um aquecedor num dos apartamentos.

As autoridades de Nova Iorque, nos Estados Unidos, revelaram estar a investigar um possível "problema de manutenção" com as portas de fecho automático que não funcionaram corretamente durante um incêndio que destruiu parcialmente um prédio no Bronx.

O acidente matou 17 pessoas, incluindo oito crianças.

O autarca da cidade de Nova Iorque, Eric Adams, há pouco mais de uma semana no cargo, disse numa entrevista que o médico legista da cidade determinou que o incêndio causou menos duas mortes do que as 19 anunciadas no domingo.

Quase três dezenas de sobreviventes foram hospitalizados com ferimentos graves.

O incêndio começou na manhã de domingo no edifício Twin Parks North West, de 19 andares, uma unidade habitacional de preços acessíveis para os nova-iorquinos de baixos rendimentos. Muitos dos moradores pertencem à grande comunidade imigrante gambiana que vivia no bairro.

"Esta é uma tragédia global, já que o Bronx e a cidade de Nova Iorque são representativos das etnias e culturas em todo o mundo", disse Adams durante um briefing em frente ao prédio.

"Esta é uma tragédia indescritível", sublinhou.

Segunda catástrofe numa semana

Adams revelou ter conversado com o presidente dos EUA, Joe Biden, o qual prometeu que a Casa Branca fornecerá toda a assistência necessária para lidar com as consequências do incêndio.

A catástrofe provavelmente levantará questões sobre os padrões de segurança em habitações urbanas de bairros pobres. Foi o segundo grande incêndio num complexo residencial nos Estados Unidos esta semana, depois que 12 pessoas, incluindo oito crianças, terem morrido na quarta-feira, quando as chamas destruíram um prédio em Filadélfia.

Os bombeiros locais determinaram após as primeiras investigações que através de evidências físicas e dos relatos de moradores que o fogo começou num aquecedor elétrico portátil, que estava no quarto de um apartamento que se estendia pelo segundo e terceiro andares do prédio.

No início do dia, no programa "Good Morning America", da ABC News, Adams disse que as chamas se espalharam rapidamente para outras partes do prédio devido a uma porta de fecho automático defeituosa que foi deixada aberta, em vez de fechar automaticamente conforme tinha sido projetado para ajudar a conter incêndios.

Pode ter havido um problema de manutenção com esta porta, e isso fará parte da investigação”, disse Adams. "Isso tudo vai ser averiguado durante a investigação."

Os investigadores também estão a investigar essa possibilidade: a de que uma porta para as escadas do 15º andar não estivesse a funcionar como deveria, disse o comissário dos bombeiros Daniel Nigro, acrescentando que os moradores teriam estado mais seguros se ficassem em casa ao invés de descer pelas escadas.

Pelo menos dois moradores que conversaram com a Reuters disseram que os alarmes de incêndio disparavam no prédio "periodicamente" ou rotineiramente e nem sempre eram alvo de atenção.

"Tenho sorte"

Um sobrevivente, John Maroney, 59 anos, contou que foi acordado por bombeiros quando o apartamento em que vivia, no 13º andar, se encheu de fumo. Recebeu oxigénio de equipas de emergência depois de ser retirado da unidade.

A esposa, que estava a trabalhar no momento do incêndio, voltou para o prédio após a tragédia e não encontrou danos estruturais em casa. "Tenho sorte. Ainda estou aqui e a minha esposa ainda está aqui comigo", disse Maroney.

O comissário dos bombeiros afirmou que as autoridades ainda não têm uma contagem de quantas vítimas foram encontradas nos apartamentos, escadas e corredores.

Em relação ao número de mortos, que foi revisto, Nigro disse que as vítimas foram levadas para sete hospitais diferentes da cidade, o que levou a "uma contagem dupla".

Cerca de 60 pessoas ficaram feridas no incêndio, 32 delas hospitalizadas com ferimentos com risco de vida, disseram autoridades no domingo.

Mais de 200 bombeiros ajudaram a apagar o fogo.

O edifício é propriedade de uma ‘joint venture’, a Bronx Park Phase III Preservation LLC, composta por três empresas - LIHC Investment Group, Belveron Partners e Camber Property Group.

O prédio foi construído em 1972 como parte de um programa para fornecer moradias às classes populares, disse um porta-voz desta ‘joint venture’. Todas as 120 unidades são cobertas por programas de subsídios, disse o porta-voz.

A mesma fonte disse que o prédio estava equipado com portas de fecho automático e que os proprietários estão a "cooperar totalmente" com os bombeiros e outras unidades que investigam o incêndio.