As autoridades de Nova Iorque, nos Estados Unidos, revelaram estar a investigar um possível "problema de manutenção" com as portas de fecho automático que não funcionaram corretamente durante um incêndio que destruiu parcialmente um prédio no Bronx.
O acidente matou 17 pessoas, incluindo oito crianças.
O autarca da cidade de Nova Iorque, Eric Adams, há pouco mais de uma semana no cargo, disse numa entrevista que o médico legista da cidade determinou que o incêndio causou menos duas mortes do que as 19 anunciadas no domingo.
Quase três dezenas de sobreviventes foram hospitalizados com ferimentos graves.
O incêndio começou na manhã de domingo no edifício Twin Parks North West, de 19 andares, uma unidade habitacional de preços acessíveis para os nova-iorquinos de baixos rendimentos. Muitos dos moradores pertencem à grande comunidade imigrante gambiana que vivia no bairro.
"Esta é uma tragédia global, já que o Bronx e a cidade de Nova Iorque são representativos das etnias e culturas em todo o mundo", disse Adams durante um briefing em frente ao prédio.
"Esta é uma tragédia indescritível", sublinhou.
Segunda catástrofe numa semana
Adams revelou ter conversado com o presidente dos EUA, Joe Biden, o qual prometeu que a Casa Branca fornecerá toda a assistência necessária para lidar com as consequências do incêndio.
A catástrofe provavelmente levantará questões sobre os padrões de segurança em habitações urbanas de bairros pobres. Foi o segundo grande incêndio num complexo residencial nos Estados Unidos esta semana, depois que 12 pessoas, incluindo oito crianças, terem morrido na quarta-feira, quando as chamas destruíram um prédio em Filadélfia.
Os bombeiros locais determinaram após as primeiras investigações que através de evidências físicas e dos relatos de moradores que o fogo começou num aquecedor elétrico portátil, que estava no quarto de um apartamento que se estendia pelo segundo e terceiro andares do prédio.
No início do dia, no programa "Good Morning America", da ABC News, Adams disse que as chamas se espalharam rapidamente para outras partes do prédio devido a uma porta de fecho automático defeituosa que foi deixada aberta, em vez de fechar automaticamente conforme tinha sido projetado para ajudar a conter incêndios.
“Pode ter havido um problema de manutenção com esta porta, e isso fará parte da investigação”, disse Adams. "Isso tudo vai ser averiguado durante a investigação."
Os investigadores também estão a investigar essa possibilidade: a de que uma porta para as escadas do 15º andar não estivesse a funcionar como deveria, disse o comissário dos bombeiros Daniel Nigro, acrescentando que os moradores teriam estado mais seguros se ficassem em casa ao invés de descer pelas escadas.
Pelo menos dois moradores que conversaram com a Reuters disseram que os alarmes de incêndio disparavam no prédio "periodicamente" ou rotineiramente e nem sempre eram alvo de atenção.
"Tenho sorte"
Um sobrevivente, John Maroney, 59 anos, contou que foi acordado por bombeiros quando o apartamento em que vivia, no 13º andar, se encheu de fumo. Recebeu oxigénio de equipas de emergência depois de ser retirado da unidade.
A esposa, que estava a trabalhar no momento do incêndio, voltou para o prédio após a tragédia e não encontrou danos estruturais em casa. "Tenho sorte. Ainda estou aqui e a minha esposa ainda está aqui comigo", disse Maroney.
O comissário dos bombeiros afirmou que as autoridades ainda não têm uma contagem de quantas vítimas foram encontradas nos apartamentos, escadas e corredores.
Em relação ao número de mortos, que foi revisto, Nigro disse que as vítimas foram levadas para sete hospitais diferentes da cidade, o que levou a "uma contagem dupla".
Cerca de 60 pessoas ficaram feridas no incêndio, 32 delas hospitalizadas com ferimentos com risco de vida, disseram autoridades no domingo.
Mais de 200 bombeiros ajudaram a apagar o fogo.
O edifício é propriedade de uma ‘joint venture’, a Bronx Park Phase III Preservation LLC, composta por três empresas - LIHC Investment Group, Belveron Partners e Camber Property Group.
O prédio foi construído em 1972 como parte de um programa para fornecer moradias às classes populares, disse um porta-voz desta ‘joint venture’. Todas as 120 unidades são cobertas por programas de subsídios, disse o porta-voz.
A mesma fonte disse que o prédio estava equipado com portas de fecho automático e que os proprietários estão a "cooperar totalmente" com os bombeiros e outras unidades que investigam o incêndio.