A professora do Instituto de Bioética da Universidade Católica, Ana Sofia Carvalho, classifica de "inadequado" o comportamento do parlamento ao agendar a discussão da eutanásia para uma data em que o parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) poderá não ser conhecido.
A reunião do CNECV está marcada para 17 de Fevereiro, três dias antes da data escolhida para o debate na Assembleia da República.
"Ainda não existe um parecer do Conselho Nacional de Ética. Estranho terem marcado uma discussão sem esperar pelo parecer dessa entidade. Numa questão de colegialidade, sendo um órgão que assessora a Assembleia da República em assuntos éticos, parece-me inadequado, de todo desproporcionado marcarem para uma data sem que realmente haja a certeza de que os pareceres estarão disponiveis", critica Ana Sofia Carvalho, que é também membro do CNECV.
A especialista considera que o caso exige "reflexão séria e intensa", algo que "não poderá acontecer nas atuais circunstâncias".
"Este é um assunto muito sério. Todos estes projectos enfermam de pronblemas seriíssimos e, portanto, independentemente da posição do conselho ser tomada antes da votação no parlamento, é preciso uma reflexão séria e intensa que certamente não poderá aocntecer nestas circunstâncias."
A directora do Instituto de Bioética da Universidade Católica considera, ainda, que "é completamente apressado" estar-se a discutir a eutanásia quando "há tantas áreas a falhar significativamente na saúde em Portugal".
"Fico
surpreendida que, com todos os probelmas gravissimos que enfrentamos no Sistema Nacional de Saúde, na Saúde, em geral, o Parlamento se preocupe em discutir
uma questão que, neste momento, não faz sentido. Há tantos outros
probelmas para resolver e tantas outras questões para fazer um
trabalho sério... Porquê esta questão? Mais uma vez, é a questão da ideologia e de
outras circunstâncias que relamente ultrapassam aquilo para o qual uma lei na
área da saúde deveria ser feita."
"Não faz nenhum sentido esta pressa", remata Ana Sofia Carvalho.