O que se está a passar em Portugal sobre os incêndios é demasiado trágico. Não haverá uma, mas múltiplas causas que explicam esta tragédia, ainda assim inaceitável.
Temos um país bipolar que navega (e bem) no digital, mas que neglicencia (e mal) pessoas e recursos naturais.
Como alertam os especialistas, há muita coisa a fazer. E os problemas não começaram agora.
Apesar disso, nem o primeiro-ministro nem a ministra da Administração Interna conseguem convencer a população de que o Governo está isento de erros neste processo.
A substituição de parte significativa dos dirigentes da proteção civil a poucos meses da época de incêndios, por exemplo, foi decidida por quem?
Foi uma decisão da ministra ou imposta à ministra?
A incompreensível negação de responsabilidades por parte do Governo é um erro que pode gerar consequências políticas mais graves.
Claro que as demissões da ministra da Administração Interna ou de outros responsáveis, por si só, não garantem nada para o futuro. Mas seria uma forma de accionar a responsabilidade política, inerente à condição de qualquer titular de cargos públicos, de qualquer governo e em qualquer lugar. É o que se espera, em democracia, dos responsáveis políticos.
Não se trata de fugir aos erros. Trata-se apenas de os assumir.