Quando, em abril passado, os ucranianos retomaram Bucha, depararam-se com dezenas de civis assassinados pelos ocupantes russos. Muitos dos cadáveres tinham sinais de tortura.
A propaganda russa apressou-se a negar as acusações, que consideraram serem provocações. E acusaram os ucranianos de terem encenado os massacres.
Depois, em Mariupol, os russos repetiram que as acusações de massacres de civis eram mera propaganda mentirosa dos ucranianos. Os russos ainda ocupam Mariupol.
Por outro lado, os russos multiplicaram afirmações de que não visavam alvos civis nos seus bombardeamentos, ditos de alta precisão.
Mas esta guerra tem sido altamente televisionada e o que vimos na TV são dezenas de prédios de habitação destruídos, bem como escolas, hospitais e maternidades em ruínas. Alta precisão?!
Agora, em Izium, no nordeste da Ucrânia, após a fuga dos militares ao serviço da Rússia o que se descobriu quanto a atrocidades já não pode ser desmentido pela propaganda: cerca de 400 cadáveres, na maioria de civis, foram encontrados numa grande vala comum. Muitos desses corpos tinham sinais inequívocos de tortura. Também se encontraram cadáveres de crianças.
Desta vez os dirigentes da agressão russa não puderam vir com negações esfarrapadas, como falar em encenações. Apenas dizem que aquilo que toda a gente viu na TV são mentiras.
Os sobreviventes ucranianos relataram o inferno que foi viverem sob ocupação russa desde março. Alguns ainda receiam sair dos seus esconderijos, por medo de um regresso dos russos.
Os ataques a alvos civis têm sido uma constante na invasão russa. O objetivo é claro: infundir o terror entre a população ucraniana, tentando afetar-lhe o moral. Esse cálculo falhou – os massacres de civis reforçam a vontade de os ucranianos combaterem os invasores.
Mas o horror encontrado em Izium ultrapassa qualquer justificação racional, ainda que perversa. Parece ser apenas uma sinistra manifestação do mal.