O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, defendeu esta sexta-feira que a União Europeia (EU) tem de colocar em agenda o problema do aumento dos preços da eletricidade no continente, alertando que a reação de cada Estado-membro é insuficiente.
Em declarações à agência Lusa, Augusto Santos Silva, que falava sobre a Cimeira dos Países do Sul da Europa, decorrida esta sexta-feira em Atenas, na Grécia, indicou que as questões relativas ao preço da energia têm de ser tratadas também ao nível europeu.
"A primeira coisa que União Europeia tem de fazer é colocar esta questão na sua agenda, não deixar que esta questão seja apenas uma questão de cada Estado-membro", considerou, ressalvando que deve ser "uma questão abordada pelo Conselho de Ministros, na formação da energia e do ambiente, quer eventualmente - se for o caso - pelo Conselho Europeu".
De acordo com Augusto Santos Silva, alguns países têm já proposto uma revisão dos mecanismos de fixação de preços da energia na Europa.
"Temos de ver os prós e contras dessa revisão e em que sentido é que ela se podia fazer", preveniu.
À Lusa, o governante explicou que o agravamento dos preços da eletricidade se deve ao aumento dos preços do gás natural, dizendo que a Europa deve promover um "'mix' energético"
Enquanto em Portugal metade da eletricidade consumida já provém de fontes de energia renovável, sustentou, "há outros países que ainda estão longe desse meta e, portanto, toda a política europeia deve ser, no nosso ponto de vista, no sentido de incentivar os países a aumentarem a componente de energia renovável, no seu 'mix' energético e premiar os países que já o fizeram".
Santos Silva acrescentou que, na sua intervenção na Cimeira, defendeu a necessidade de promoção das energias renováveis em toda a Europa.
Durante a tarde desta sexta-feira, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, apelou a uma resposta europeia comum ao problema do aumento dos preços da eletricidade, acreditando que esta forma pode ser mais eficiente do que as ações separadas de cada país.
A crescente fatura da eletricidade foi uma questão abordada em Atenas por líderes dos nove países euro-mediterrânicos, incluindo Portugal que esteve representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros.
Fontes espanholas indicaram que esta questão foi tratada na primeira parte desse encontro, que se dedicou na sua totalidade a abordar a luta contra as alterações climáticas.
O primeiro-ministro grego e anfitrião da cimeira, Kyriakos Mitsotakis, e o homólogo italiano, Mario Draghi, discutiram as consequências do aumento da eletricidade e a necessidade de abordar esta questão.
Sánchez concordou com essa exigência e salientou a oportunidade de uma ação conjunta por parte da União Europeia.
Neste contexto, considerou que podem ser alcançadas soluções mais eficazes se forem conseguidas respostas conjuntas dos 27 países da UE em vez de ações individuais de cada membro.
Na comparência perante a imprensa com o resto dos líderes no final da Cimeira dos Países do Sul da Europa, Sánchez vincou que este é um "problema europeu".
"Temos de encontrar soluções a nível europeu, porque é assim que vamos poder fazer valer o nosso peso específico nas relações internacionais em termos de autonomia estratégica", acrescentou.
Sánchez explicou que, até agora, os estados-membros da UE têm respondido ao problema com instrumentos nacionais, mas salientou que, se o objetivo é uma transição ecológica justa, deve ser aberto um debate na Europa sobre o quadro regulamentar dos mercados da eletricidade.
"É preciso começar a pensar numa autonomia estratégica da energia e, porque não, pensar também na do gás natural", prosseguiu.
Estes são debates que o líder espanhol disse já terem sido suscitados junto da Comissão Europeia e de outros líderes, e que acredita ser necessário abrir a discussão na UE como um todo.
Este pedido de uma resposta comum foi ouvido pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que participou na cimeira de Atenas convidada pelo anfitrião.
Esta é a oitava vez que este fórum se reúne ao nível de Chefes de Estado, de Governo ou seus representantes, sendo que aos sete países que já o compunham (Portugal, Espanha, França, Itália, Malta, Chipre e Grécia), se juntaram agora, formalmente, a Eslovénia e a Croácia.