Mais de 400 idosos foram identificados pela PSP como estando em risco social e cerca de 300 encaminhados para instituições de apoio social, segundo o balanço da operação "A Solidariedade Não Tem Idade/2022".
Segundo os dados divulgados, durante a operação, que decorreu entre 11 de julho e 23 de setembro em Portugal continental e nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores, foram sinalizados um total de 649 idosos.
Entre os vários fatores de risco detetados, 140 idosos foram sinalizados por falta de autonomia, 81 por apresentarem quadro clínico grave que exigia acompanhamento médico imediato, 40 por habitarem em condições de vida degradantes, 52 por ausência de redes de contacto, 53 por suspeita de "reiterada vitimização de índole criminal" e 21 por insuficiência económico-financeira.
No total, a PSP fez 3.839 contactos individuais de prevenção criminal e 317 ações de sensibilização.
Esta operação, de cariz preventivo, é realizada anualmente pela PSP desde 2012, maioritariamente através dos Polícias das Equipas de Proximidade e Apoio à Vítima (EPAV). Tem como principal objetivo intensificar o contacto direto e diálogo com a população mais idosa (+65 anos), visando a deteção "tão precoce quanto possível de casos de fragilidade social, vulnerabilidade física e ou psíquica e suspeitas de crimes contra a integridade física".
Além de identificar os casos, é dado "apoio imediato e necessário através de respostas concertadas com as entidades parceiras", explica a PSP em comunicado.
Na nota, a polícia recorda que os idosos, pelas suas limitações de locomoção e fragilidades psíquicas, "tornam-se vítimas preferenciais em relação a crimes contra o património (roubo, burla, extorsão), contra a liberdade pessoal (ameaça, coação, sequestro) e contra a integridade física (ofensa à integridade física, violência doméstica, maus-tratos)".
Fragilidades várias
"A estas vulnerabilidades somam-se, pontualmente, as de cariz económico, materializadas em frágeis condições de habitação, higiene, saúde pública, saúde individual (muitas vezes dependentes de medicação regular) e/ou alimentação", explica a PSP.
As autoridades sublinham que estas variáveis, sem um círculo familiar ou de vizinhança ativos e solidários, "potenciam as situações de anonimato que inviabilizam eventuais intervenções de cariz assistencial, podendo mesmo, por vezes, culminar na morte do idoso".
Os polícias destas equipas procuram recolher indícios que apontem para algum destes indicadores de risco, informação que depois é partilhada com as entidades parceiras com capacidade de intervenção neste domínio, designadamente instituições locais de apoio/assistência social ou serviços médicos.
A PSP frisa que, na edição deste ano da operação "A Solidariedade Não Tem Idade/2022" voltou a detetar grandes lacunas de literacia digital entre os idosos.
Como resposta, a polícia decidiu constituir-se como entidade parceira do Programa EUSOUDIGITAL e a assinatura do respetivo protocolo vai decorrer no dia 3 de outubro, na Direção Nacional da PSP. A intenção é, em conjunto com outras entidades, promover a capacitação digital dos portugueses.