A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) defende que o Governo deve cumprir o que está na lei para a carreira dos professores para assim recuperar quem deixou a profissão.
Em conferência de imprensa para divulgar o resultado do levantamento sobre os problemas na abertura do ano letivo, a Federação Nacional de Professores acusou esta terça-feira o Governo de desinvestimento na educação, o que leva muitos a deixar a carreira de docente por falta de incentivos.
“O segredo não são os remendos que o Ministério da Educação tem estado a tomar. Seria voltar a recuperar quem abandonou a profissão e só se recupera se houver melhores condições de trabalho”, alerta Mário Nogueira.
Segundo o dirigente sindical, essas condições passam por “uma profissão devidamente valorizada”.
“E nós não exigimos sequer uma carreira mais bem paga, um salário maior”, refere Mário Nogueira, explicando que a “única coisa” que pretendem “é que o Governo cumpra o que a lei estabelece para a carreira dos professores”.
“Que recupere o tempo de serviço, acabe com as malditas vagas que estão ali a travar 6. 000 professores de progredir e acabe com essa anomalia que são as quotas de avaliação, que fazem com que professores que fazem um trabalho excelente, que tem uma avaliação de excelente, depois por causa das quotas, deixam até uma avaliação que não lhes dá qualquer tipo de vantagem na carreira”, concretiza.
“Mais de 100 mil alunos sem aulas”
Segundo a Fenprof, mais de 100 mil alunos estão sem todos os professores atribuídos, um problema que afeta escolas de todo o país e que se poderá agravar nos próximos tempos.
“Posso afirmar sem medo de errar que são certamente mais de 100 mil alunos” sem todos os professores atribuídos, disse Mário Nogueira, durante a conferência de imprensa em que revelou os resultados de um inquérito realizado junto das escolas de todo o país.
O levantamento foi realizado entre os dias 16 e 23 de setembro com base nas respostas de 27% das escolas do país.
“Nestas duas semanas, até dia 23, o ano letivo abriu com ¾ das escolas, ou seja, 73,7% a terem falta de professores”, vincou o dirigente, destacando que existem situações muito dispares que vão desde estabelecimentos de ensino onde faltam apenas um docente até casos em que faltam 34: “Tudo aconteceu nas escolas”, disse.
Em 73,7% das escolas faltavam sobretudo professores de Informática, Físico-Química, Português, Matemática, Biologia-Geologia, mas também de educadores de infância e professores do 1.º ciclo, segundo os resultados do levantamento.